quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Anulação conjugal


“Anulação” é uma forma de encontrar uma plataforma de convivência pacífica mas a um preço muito elevado. O preço a pagar vai da infelicidade à violência física, passa pela abdicação de viver o presente de forma mais agradável e ter um futuro melhor, sofrer de depressão, ter baixa auto-estima, ser vítima de violência verbal e privação sexual.

São várias as formas de anulação e por fim concluímos com a única forma de conseguir a felicidade do casal e que é TER OBJETIVOS EM COMUM, no mínimo.


1. Viver só em função do outro. 

Cada pessoa tem gostos próprios, amigos pessoais, a sua própria família e a sua própria personalidade. Em muitos casais, um deles passa a viver apenas a vida do outro, os gostos do outro, os amigos do outro, a família do outro, os problemas do outro e esquece-se totalmente de si própria.

Torna-se o pai ou mãe tratando-o como se fosse um deus cujas vontades têm que ser totalmente satisfeitas e excedidas sob pena de ser acusado/a que não o/a ama o suficiente.

Esta é a forma mais vulgar de ANULAÇÃO em que a vítima confunde o seu serviço ao seu parceiro/a com ABNEGAÇÃO. Uma pessoa dedicada (ou abnegada) não deixa de ter personalidade própria, não rejeita a sua família e tão pouco deixa de ser uma pessoa também carente de afetos e vontades satisfeitas.

Mais cedo ou mais tarde a pessoa que vive apenas em função do outro, tratando-o como se fosse um deus, deixando tudo o resto para trás, pode entrar em frustração e numa grande depressão porque o seu saco de dádivas vai esgotar-se. Pense nisto: você é especial e também precisa de ser valorizado/a e presenteado/a de diversas maneiras.

2. Viver querendo anular o outro.

Há pessoas que estão sempre a cobrar dos outros. Se por acidente conseguem levar alguém ao altar, esta última, vai ser sugada diariamente muito mais que todos os outros.

O anulador do outro, de agora em diante chamado “sugador”, vai sugar-lhe tudo o que é e tem, e ainda vai cobrar tudo o que não é e não tem. O sugador não ama genuinamente, ele apenas tem um comportamento egoísta e só pensa em si próprio.

Porque o assunto é relacionamento conjugal é frequente o sugador “mandar à cara” continuamente os defeitos da esposa ou marido ou ter expressões de desprezo e humilhação da pessoa que (diz que) ama, em privado e em público.

O sugador tende a tomar todas as decisões, a ser um dominador autoritário de tudo o que diz respeito ao funcionamento da casa, pois só ele é que sabe e só ele é que tem razão.

Faz parte do mau carácter do sugador não ter uma noção dos limites e do respeito, logo, tão pouco tem temor de Deus, pois este é o princípio da sabedoria para todas as coisas da vida. O sugador não tem uma noção clara da diferença entre limites e intimidade pois exige a última à força mesmo que para isso tenha que faltar ao respeito e ignorar a personalidade do outro.

Por esta razão, como por todas as outras no que diz respeito ao tema da anulação, as tensões, esgotamento psíquico e desgaste físico são também consequências de um sugador sempre presente que outra coisa não faz, e certamente existe para pouco mais, senão bloquear qualquer contributo do seu conjugue, pois assume que isso representa uma ameaça à sua "capacidade de liderança".

O sugador é machista e a sugadora é feminista.

3. Viver isolado da sociedade para evitar problemas no relacionamento.

O casamento pressupõe agregar relacionamentos. Os familiares de cada um passam também a ter algum tipo de relacionamento, posteriormente com os sobrinhos, os primos entra eles, etc… Já referimos os amigos que antes cada um trouxe das suas vidas de solteiros os quais também não podem ser deixados de todo para trás, pois além de alguns deles terem participado na cerimónia de casamento, também fazem parte da nossa identidade e crescimento pessoal. Claro que em ambiente de comunidade cristã os relacionamentos são mais facilitados.

Com tanta coisa nova para viver na vida algumas coisas terão que ficar para trás pois o tempo não dá para tudo e aqui um dos conjugues tenta, mesmo sem intenção de causar dano ao parceiro, puxar o outro para os seus relacionamentos familiares e amigos, esquecendo-se por completo de que o/a seu parceiro também os tinha.

É frequente encontrar homens e mulheres que depois de assumir um relacionamento continuam a envolver-se as amizades anteriores de forma independente por não assumirem em comum a partilha das suas vidas com a restante sociedade, e isto fruto do que a Bíblia chama de “jugo desigual”.

Eventualmente, cada um preferirá apenas estar com a sua família de origem, e posto isto, cada um vai fazer o que lhe interessa sem convergirem num esforço de conciliação das vontades de ambos. Ele vai para os copos, ela vai para as compras; ele fica no sofá, ela vai para a igreja; ele vai para o computador, ela vai arranjar as unhas; ele conduz, ela dorme; ela faz o jantar, ele cuida dos pássaros; ela vai para a cama, ele fica a ver televisão; ele vai para o facebook, ela vai para o instagram. A verdade é que todas estas opções geram conflitos, frustrações e são fruto da tentativa de evitar confrontos ainda maiores se tentarem envolver-se em programas que os obriguem a relacionar-se com terceiros.

Às tantas, a vida dos dois passa a ser uma mentira pública que todos os amigos sabem que existe e a que os próprios deliberadamente se acomodam. O casal que se isola e anula um ao outro, seja porque motivo for, está condenado e uma vida de rotina sufocante sem referenciais e desafios.

4. Viver dependente.

As pessoas que vivem um comportamento de extrema dependência têm muita dificuldade em tomar decisões. Não conseguem escolher uma camisa para sair à rua sem questionar primeiro todos os habitantes da casa, incluindo o cão e os pássaros. Regra geral, eles na verdade querem também muita atenção.

Como necessitam excessivamente de aprovação para tudo o que fazem têm medo de discordar dos outros, anulando-se desta forma totalmente em qualquer decisão ou vontade que tenham. Percebe-se claramente que estas pessoas precisam de uma ajuda de psicologia especializada pois o risco de incorrem num estado depressivo não é causado por um conjugue sugador ou autoritário.

Eles são tão incapazes de funcionar sozinhos em qualquer decisão que se arriscam a aceitar o errado como certo, se tiverem o infortúnio de cair nas mãos de um parceiro oportunista. O seu desequilíbrio emocional e na auto-estima resulta num relacionamento muito frágil na medida em que em tudo são dependentes do outro.

Com muita facilidade se humilham a si próprios, considerando-se tontos, muito auto-críticos (não presto para nada) e por isso ou acabam superprotegidos ou dominados.

Naturalmente que esta falta de autonomia enquanto pessoa singular gera um relacionamento conjugal desequilibrado porque a pessoa procurou ser amparada para ser feliz quando nós sabemos que apenas um homem ou uma mulher “completos” podem gerar um relacionamento conjugal satisfatório e feliz.

5. Viver com objectivos comuns.

“Os opostos atraem-se” é um mito que apenas funciona nos filmes ou no nosso imaginário de paixonetas de adolescentes. Não se atraem, eles são opostos e assunto arrumado. Macho e fêmea atraem-se mas vontades diferentes não, de modo nenhum.

Os casais mais felizes são os que têm propósitos e objectivos comuns. São diferentes, claro, mas são completos em si mesmos naquilo que querem da vida e não fazem oscilar a sua vontade ao sabor de qualquer conveniência. Adaptam-se porém com mais facilidade porque “as peças” encaixam-se quase na perfeição.

É por isso que casais de culturas diferentes ou religiões diferentes têm mais dificuldade em se adaptar. Não dizemos que isso é impossível, apenas mais difícil. Raças diferentes é outra coisa porque a raça pode ser diferente mas a cultura ser a mesma.

Os indivíduos que têm um propósito definido nas suas vidas são pessoas maduras. Há casamentos que fracassam porque a meio do percurso há um que se converte a uma religião ou simplesmente fez promessas ao outro que na verdade não faziam parte da sua natureza e interesses primários.

Um casal maduro dá prioridade àquilo que é comum aos dois, dentro dos objectivos que são de ambos sem ter necessariamente que abdicar dos seus gostos pessoais. A preservação da individualidade e da personalidade de cada um, dentro dos valores, princípios e objectivos assumidos por ambos, é importante para a construção de uma descendência saudável. A manutenção dos desejos de ambos torna a vida mais diversificada e desafiante: cada um ama o outro como a si mesmo. O homem dá a vida pela sua amada, a sua amada entroniza-se nele para serem um só. As diversidades de ambos somam-se fundem-se numa realização só.


Neste convívio estávamos presentes 5 casais e um total de 17 pessoas sendo a diferença adolescentes filhos a quem demos a oportunidade de estar presentes nos próximos convívios tendo em vista o seu desdobramento para grupo de jovens.

No fim da abordagem do tema e aguns momentos de partilha interessantes, os casais foram separados para preencherem o questionário com mais liberdade. No entanto, o resultado de “avalia-te a ti mesmo” os resultados convergem em que ninguém tenta anular o outro e os objetivos em comum estão em prefeita sintonia, portanto, a imagem que cada um tem de si é boa.

No que diz a "avaliar o conjugue / namorado" os resultados convergem também para a existência de casais ideais entre nós, ou pelo menos no grupo que neste dia aqui estava presente.

A "avaliação geral" que contou com mais participação dos adolescentes na sua avaliação convergiu em que o assunto foi interessante e que deveria ser abordado mais vezes. 4 indivíduos acharam que o assunto poderia dizer ouvido por alguém que conhecia, e não se encontrava ali.

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