I. PARA QUE SERVE O CASTIGO?
O castigo
tem por finalidade uma mudança do comportamento.
Há castigos
naturais que resultam da teimosia da criança em mexer numa vela acesa ou se
aproximar de um forno quente. Mas a nossa preocupação é quando o comportamento
não muda. Castigo após castigo, o comportamento não muda e pelo contrário
provoca revolta e ódio na pessoa que não reconhece o erro de modo algum.
Se a
aplicação de uma penalidade causa revolta é porque a pessoa não reconhece que
errou. Será portanto importante mostrar-lhe as consequências do seu erro na sua
própria vida pessoal e o primeiro castigo para obrigar a uma reflexão sobre o
ato, enquanto a cabeça do “juiz” arrefece um pouco, é colocar imediatamente o
prevaricador a escrever num papel algumas ideias sobre o seu ato. Para o ajudar
a refletir faça-o responder a algumas perguntas:
- O que é que eu fiz / disse?
- Que sentimentos provoquei nas outras pessoas?
- O que é que eu fiz / disse?
- Que sentimentos provoquei nas outras pessoas?
- O que é
que eu posso perder com este ato?
- Porque é
que eu fiz / disse isto?
- O que
estou disposto a fazer para reparar o meu erro?
Há muita
variedade de castigos:
- físicos;
- privação
da liberdade;
- subtracção
de bens, definitivamente ou temporariamente;
- humilhação
da pessoa.
O castigo
não tem qualquer eficácia se não houver arrependimento. Contudo, é aplicado,
haja ou não arrependimento. Portanto, o nosso foco deve ser em primeiro lugar o
arrependimento da pessoa e depois disso, o castigo. Naturalmente que estamos a
focar mais a educação dos filhos do que a punição do um vizinho ou irmão. Os
princípios são contudo transversais.
A diferença
entre o reconhecimento da falta, ou não, influencia os resultados seguintes.
Veja este caso:
Aqui temos o
caso de um ladrão arrependido que reconheceu que merecia o castigo dos seus
erros e de outro que nem na hora da morte teve pudor em controlar a sua língua.
Apesar do mesmo castigo no momento estar a ser aplicado a ambos, Jesus a um no
instante seguinte prometeu o Paraíso, o outro permaneceu na condenação.
2. Não arrependimento.
A pessoa que
não se arrepende invariavelmente tem uma boa argumentação e muitas desculpas
para justificar o seu ato. Foi assim no início e continua a ser hoje em dia.
- a mulher
que me deste é que me deu a comer;
- a serpente é que me enganou.
- a serpente é que me enganou.
(Génesis
3:12,13)
Haverão
decerto muitas razões para que a pessoa não queira se arrepender mas esse não é
o foco deste conteúdo no momento.
3. Mudança.
Há
arrependimento que é apenas pontual e há arrependimento que gera mudança.
Arrependimento
e conversão (ou mudança) são duas coisas diferentes.
“Arrependei-vos, pois, e
convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte que venham
os tempos de refrigério, da presença do Senhor.” Atos 3:19
A leitura
mais ligeira deste versículo faz-nos perceber que ARREPENDIMENTO acompanhado de
MUDANÇA é que faz com que a transgressão seja (ou possa ser) anulada e a
consequência disso é o BEM-ESTAR efetivo.
A mudança é
que produz bem-estar definitivo. Um arrependimento pontual sem mudança de
carácter pode nos safar de alguma enrascada mas não é garantia de que tudo irá
correr bem daí para a frente.
A pessoa que
apenas se arrepende, pode fazê-lo porque foi descoberta ou denunciada, mas
voltará ao mesmo erro num momento de distração e ou se achar que desta vez não
vai ser descoberta. A diferença que a faz reincidir no mesmo erro é a sua
atitude, mudança, “coração” ou carácter.
4. Sacrifício.
O primeiro
pecado da humanidade requereu um castigo, o sacrifício de um cordeiro inocente.
Antes disso Adão já tinha percebido que tinha errado, pois sabia que estava nu,
e por isso tinha se escondido de Deus.
Depois disto
os sacrifícios para expiar pecados repetiram-se entre os hebreus e outros povos
e culturas seguiram-lhes o exemplo.
O sacrifício
é o ato punitivo mais elevado para pagar um pecado grave. O sacrifício está ligado com morte. Alguns exemplos de sacrifício são:
- o primeiro sacrifício de um cordeiro inocente para expiar o pecado de Adão e Eva;
- a morte do prevaricador, como um acto de vingança por parte do ofendido;
- a pena de morte, existente em alguns países, como pena máxima contemplada pela Lei;
- A dádiva pessoal de um bem que estimamos muito. Há pessoas que não são capazes de fazer certas coisas porque isso representa um “sacrifício” pessoal muito elevado;
- “Sacrifício vivo” é um culto a Deus. (Romanos 12:1);
- Penitência;
- Jejum. Eventualmente um arrependimento pode até trazer falta de apetite mas também pode ser uma forma de sacrifício voluntário, como consequência de um erro e na expectativa de que uma consequência mais grave não seja atribuída.
- o primeiro sacrifício de um cordeiro inocente para expiar o pecado de Adão e Eva;
- a morte do prevaricador, como um acto de vingança por parte do ofendido;
- a pena de morte, existente em alguns países, como pena máxima contemplada pela Lei;
- A dádiva pessoal de um bem que estimamos muito. Há pessoas que não são capazes de fazer certas coisas porque isso representa um “sacrifício” pessoal muito elevado;
- “Sacrifício vivo” é um culto a Deus. (Romanos 12:1);
- Penitência;
- Jejum. Eventualmente um arrependimento pode até trazer falta de apetite mas também pode ser uma forma de sacrifício voluntário, como consequência de um erro e na expectativa de que uma consequência mais grave não seja atribuída.
5. Penitência
Vamos
encarar a penitência como algo lícito nas escrituras, pois sabemos que Deus não
se agrada de sacrifícios para expiar pecados mas prefere um coração
verdadeiramente arrependido.
A penitência
são atos voluntários da pessoa que deseja provar a Deus e/ou aos outros de que
está arrependida do seu ato.
“Então disse Davi a Natã: Pequei contra o Senhor. Tornou Natã a Davi: Também o Senhor perdoou o teu pecado; não morreras. Todavia, porquanto com este feito deste lugar a que os inimigos do Senhor blasfemem, o filho que te nasceu certamente morrerá. Então Natã foi para sua casa. Depois o Senhor feriu a criança que a mulher de Urias dera a Davi, de sorte que adoeceu gravemente. Davi, pois, buscou a Deus pela criança, e observou rigoroso jejum e, recolhendo-se, passava a noite toda prostrado sobre a terra. Então os anciãos da sua casa se puseram ao lado dele para o fazerem levantar-se da terra; porém ele não quis, nem comeu com eles. Ao sétimo dia a criança morreu.” II Samuel 13-18
“Então disse Davi a Natã: Pequei contra o Senhor. Tornou Natã a Davi: Também o Senhor perdoou o teu pecado; não morreras. Todavia, porquanto com este feito deste lugar a que os inimigos do Senhor blasfemem, o filho que te nasceu certamente morrerá. Então Natã foi para sua casa. Depois o Senhor feriu a criança que a mulher de Urias dera a Davi, de sorte que adoeceu gravemente. Davi, pois, buscou a Deus pela criança, e observou rigoroso jejum e, recolhendo-se, passava a noite toda prostrado sobre a terra. Então os anciãos da sua casa se puseram ao lado dele para o fazerem levantar-se da terra; porém ele não quis, nem comeu com eles. Ao sétimo dia a criança morreu.” II Samuel 13-18
David
reconheceu o seu pecado, foi perdoado, mas vieram consequências. A razão porque
ele se “penitenciou” está mais à frente: “Respondeu
ele: Quando a criança ainda vivia, jejuei e chorei, pois dizia: Quem sabe se o
Senhor não se compadecerá de mim, de modo que viva a criança?” II Samuel
12:22
Concluímos
portanto que o castigo faz parte do processo natural como consequência de um
erro. Pode ocorrer eventualmente um perdão incondicional, mas isso não é a
regra. A regra é que todos os erros têm consequências.
6. Aceitação do castigo.
A pessoa que
reconhece o erro não se revolta com a aplicação de uma pena, apenas se submete
humildemente às consequências.
“Mas o coração de Davi o acusou
depois de haver ele numerado o povo; e disse Davi ao Senhor: Muito pequei no
que fiz; porém agora, ó Senhor, rogo-te que perdoes a iniquidade do teu servo,
porque tenho procedido mui nesciamente. Quando, pois, Davi se levantou pela
manhã, veio a palavra do Senhor ao profeta Gade, vidente de Davi, dizendo: Vai,
e diz a Davi: Assim diz o Senhor: Três coisas te ofereço; escolhe qual delas queres
que eu te faça. Veio, pois, Gade a Davi, e fez-lho saber dizendo-lhe: Queres
que te venham sete anos de fome na tua terra; ou que por três meses fujas
diante de teus inimigos, enquanto estes te perseguirem; ou que por três dias
haja peste na tua terra? Delibera agora, e vê que resposta hei de dar àquele
que me enviou. Respondeu Davi a Gade:
Estou em grande angústia; porém caiamos nas mãos do Senhor, porque muitas são
as suas misericórdias; mas nas mãos dos homens não caia eu.” II Samuel 24:10-14
De seguida
encontramos David a caminho para sacrificar ao Senhor para que cessasse a praga
sobre o povo assumindo ele a culpa total pelo seu erro, e mais:
“Então disse Araúna a Davi: Tome e
ofereça o rei meu senhor o que bem lhe parecer; eis aí os bois para o
holocausto, e os trilhos e os aparelhos dos bois para lenha. Tudo isto, ó rei,
Araúna te oferece. Disse mais Araúna ao rei: O Senhor teu Deus tome prazer em
ti. Mas o rei disse a Araúna: Não! antes to comprarei pelo seu valor, porque
não oferecerei ao Senhor meu Deus holocaustos que não me custem nada. Comprou,
pois, Davi a eira e os bois por cinqüenta siclos de prata. E edificou ali um
altar ao Senhor, e ofereceu holocaustos e ofertas pacíficas. Assim o Senhor se
tornou propício para com a terra, e cessou aquela praga de sobre Israel.” II Samuel 24:22-25
Uma pessoa
verdadeiramente arrependida, não cumpre apenas com o castigo proposto, mas se
predispõe a fazer muito mais do que lhe é pedido como retribuição pela sua
culpa. Isso prova o seu arrependimento mas também a qualidade do seu carácter.
6. O castigo traz paz
Que estranho…,
uma coisa que dói, poder trazer alívio.
“Mas ele foi ferido por causa das
nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre
ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” Isaías 53:5
“O que arde
cura”, diz o povo. Mas como é que um castigo pode trazer paz? Naturalmente que
só pode trazer paz à consciência que está pesada. Se pagamos pelo nosso erro,
se o confessamos, ou penitenciamos, de forma que não desagrade a Deus claro,
alcançamos alívio.
7. Quem não corrige os filhos,
trata-os como bastardos.
“… Filho meu, não desprezes a
correção do Senhor, nem te desanimes quando por ele és repreendido; pois o
Senhor corrige ao que ama, e açoita a todo o que recebe por filho. É para
disciplina que sofreis; Deus vos trata como a filhos; pois qual é o filho a quem
o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos se têm tornado
participantes, sois então bastardos, e não filhos.” Hebreus 12:5-8
O castigo ou
a correção, tem como propósito o bem e não o mal. Filhos rebeldes são o
resultado de falta de correção, falta de disciplina e falta de castigos.
II. PARA QUE SERVE O PERDÃO?
O perdão tem
por finalidade restaurar os relacionamentos.
1. O perdão faz cessar as
hostilidades.
O perdão é
capaz de aplanar toda a estrada tortuosa que exista no caminho. Por vezes a
convivência é possível entre pessoas que se agrediram mas cedo ou tarde a
memória virá ao de cima trazendo o desejo de vingança.
O ódio e
pequenas revoltas somadas ao longo do tempo arruínam a nossa vida a médio/longo
prazo. Deve ter sido isto que Salomão observou nos seus contemporâneos e no seu
irmão Absalão que morreu pela espada indefeso e pendurado pelos cabelos numa
árvore.
“Guarda com toda a diligência o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Provérbios 4:23
2. O perdão termina com o
ressentimento ou mágoa.
A pessoa
ofendida está ressentida e magoada. Se não for pessoa com temperamento de
vingança irá afastar-se da pessoa que cometeu a ofensa. “mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus”
Isaías 59:2
A ofensa
causa separação, o perdão faz retomar o relacionamento.
3. O perdão pode restituir os bens
perdidos, em parte ou na totalidade.
O caso do
filho pródigo em Lucas 15 é o mais conhecido: “Pai, pequei contra o céu e perante ti, faz-me como um dos teus
criados.”
No mínimo,
aquele filho deixaria de passar fome, mas o Pai entendeu restituir-lhe tudo
aquilo que ele tinha desperdiçado.
4. O perdão pode atenuar a pena.
Certa
ocasião vínhamos de Sevilha depois de uma escapadinha de fim de semana e para
fugir á portagem em Espanha viemos pela N-433 em direção a Serpa. Quem conhece
a estrada sabe que ela é sinuosa e cheia de sinais de trânsito de diferentes
velocidades. Quando a Guarda Civil nos mandou parar eu já sabia o que tinha
acontecido. O meu assentimento fez com que a pena aplicada fosse a mínima:
50,00 €. Doeu, mas eu sabia que tinha cometido a falta. Se argumentasse ou
negasse teria que pagar mais, até porque eles tinham a fotografia no radar
deles.
Também, o
bom comportamento de um prisioneiro pode reduzir a sua pena.
Por outro
lado, o reincidente na mesma falta pode incorrer em agravamento do castigo,
assim como aquele que nunca esteve na prisão também tem esse fator como
atenuante.
Este tema
foi provocado por um episódio na nossa casa e pretendeu responder a uma
pergunta que foi colocada a mim e à Susana: Porque é que eu tenho de pedir
perdão se vou ser castigada na mesma? Se eu pedir perdão porque tenho de ser
castigada?
Uma forma
inteligente de atenuar uma pena é presentear o ofendido. É vulgar ver um
namorado ou marido arrependido com um ramo de flores na mão, embora o resultado
seja por vezes o menos desejado. Jacó fez isso com o seu irmão Esaú quando
passados 20 anos teve que se confrontar com ele depois de o ter enganado.
Gn:32:14
“Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para
repreender, para corrigir, para instruir em justiça.” II Timóteo 3:16
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