segunda-feira, 26 de maio de 2014

Arte em Belém


Quadro de Rafael, "A Deposição", de 1507,
que mostra Jesus sendo carregado da cruz para o
túmulo após a crucificação, com uma sobreposição da fotografia
de um palestiniano com as pernas sangrentas
sendo carregado sob os olhares de um soldado israelita...
Na sua maioria, árabes e judeus não gostam de Jesus. Jesus é a figura central do cristianismo. O deus dos islâmicos, na sua maioria árabes, é Alá, Maomé é o seu profeta e o Corão o seu livro sagrado. O Deus dos judeus e dos cristãos é o mesmo. A diferença está no reconhecimento de Jesus nascido em Belém, filho de Maria, e da linhagem de Abraão, Judá e David, como o Messias prometido. Assim, para os cristãos, Jesus, O Filho de Deus, é também Deus e Senhor.
Maomé (570-632) nasceu em Meca e quis ser o Messias dos judeus. Sendo categoricamente rejeitado fundou a terceira religião monoteísta: o islamismo. No Século VII a Mesquita de Omar foi construída do lugar do templo de Salomão, na eira comprada por David e no monte onde Abraão tinha sido chamado a sacrificar o seu filho, a qual ainda hoje é motivo de grande controvérsia pois os judeus insistem em construir o seu 3º templo, por entenderem que o templo é essencial para a revelação do seu Messias pois só com Ele haverá paz, justiça e a segurança tão desejada em Israel. Lembro que os judeus esperam o Messias porque não reconheceram o que já veio.



Nos Séculos XI a XIII, a mando da igreja de Roma (já nesta data muito longe dos ensinos de Jesus e dos apóstolos), Jerusalém e a terra de Israel são castigados pela espada a pretexto da defesa da “verdade”. A igreja de então matou e torturou milhares de muçulmanos e judeus. Tal acto abriu uma ferida profunda no povo judeu contra a igreja dita cristã.

Em 1478 foi fundada a Inquisição para manter e defender a ortodoxia Católica da influência de outras religiões como o judaísmo e o islamismo. Milhares de fogueiras foram acendidas mais uma vez em defesa da “religião verdadeira”.


Lutero, em 1543, cego pela ambição de converter todos os católicos, judeus (e ana baptistas) ao protestantismo referiu-se desta forma relativamente aos judeus: “devem ser considerados como sujeira”, são “cheios de fezes do diabo... que eles chafurdam como um porco” e a sinagoga é “uma prostituta incorrigível”, “as suas sinagogas e escolas devem ser incendiadas, os seus livros de oração destruídos, rabinos proibidos de pronunciar sermões, casas arrasadas, e propriedade e dinheiro confiscados”. “Eles não devem ser tratados com nenhuma clemência ou bondade, não permitir nenhuma proteção legal….”, e esses “vermes venenosos devem ser dirigidos a trabalho forçado ou expulsos para sempre” e também parece tolerar o assassinato de Judeus, escrevendo “temos culpa em não matá-los”.

A igreja cristã tem uma herança pesada na sua história. É certo que já houve por diversas vezes uma manifestação de arrependimento e pedido de perdão por esses actos execráveis e contrários ao ensino de Jesus. Jesus na cruz perdoou os que o mataram, portanto toda a vingança e retaliação na suposta defesa do judeu Jesus foram atos naturalmente reprovados por Deus.

A humanidade sofre por isso a consequência dos atos de ódio e vingança perpetrados em nome da "verdade e da justiça" segundo o entendimento dos donos do mundo nessa época. O ódio causa sofrimento a todos: aos judeus, aos palestinianos, e aos cristãos que vivem nos países islâmicos onde não há liberdade religiosa.

O mundo deseja paz e por estes dias, 24 a 26 de Maio de 2014, mais uma vez colocou os seus olhos no lugar onde nasceu o Príncipe da Paz. O Presidente da Autoridade Palestiniana tratou de encomendar arte para representar um Jesus palestiniano sofredor às mãos do povo judeu. Não me surpreende mais esta mentira e habilidade em torcer a história, pois o Corão dá o primeiro exemplo na distorção das escrituras do mesmo modo a Igreja Católica consente com muitas mentiras em muitas áreas do seu domínio, sendo Fátima aqui perto apenas um dos melhores exemplos. Portanto a arte de uns e o consentimento de outros ficam muito bem neste circo armado mais uma vez contra o povo judeu e Israel.

Não me surpreende mas indigna-me. Uma “igreja” (edifício) não deveria ser já nos tempos que correm um monumento à paz? Não é suposto que o Príncipe da Paz seja o Senhor da Igreja (crentes)? A que se deve então este abuso de colocar quadros de incitamento ao ódio num lugar “sagrado” contra outro ser humano? Nenhum fim, e nenhuma causa, justifica o uso de um monumento dedicado a lembrar o nascimento de Jesus, para incitar ao ódio. É como se os sinos voltassem a convocar os acólitos para a violência. Dentro dos átrios da igreja a arte anti-sacra e fora, enquanto o papa terminava a missa, a mesquita da “boa convivência pacífica entre as religiões” fazia prova da sua boa-fé e convocava os seus fiéis à adoração a outro deus provocando caos, confusão e perturbação da liberdade de culto na praça em Belém.

Entendo que o papa está no seu direito de promover o consolo pastoral aos seus fieis católicos tanto em Belém como em qualquer outra parte do mundo, de lembrar o sofrimento dos palestinos por causa desta guerra sem fim, mas esqueceu-se do sofrimento dos judeus ao longo da história, dos atentados bombistas que mataram centenas de seres humanos e destruíram famílias inteiras, e que deu origem a esse muro. Que ironia, o papa no centro do mundo enquanto no coração da Europa, na Bélgica, mais um terrorista causa vítimas entre o povo judeu. Não se pode remover uma barreira se primeiro não houver uma rendição nos corações. Penso que o Papa Francisco I sabia disso quando rezava pela paz entre os dois povos na Terra Santa.

Esta não foi portanto apenas uma viagem pastoral mas uma farsa política. Chamou Estado ao que ainda não existe e rotulou de “homem de paz” a quem não quer reconhecer o Estado de Israel e o direito à sua existência. Se Mahmoud Abbas fosse de paz, não seria mentiroso, rotulando Jesus como palestiniano deturpando a história e promovendo o incitamento ao ódio com tanta "arte" e artimanha.

Enquanto escrevo ouço no youtube a missa celebrada em Belém. Não consigo conceber um culto cristão sem adoração ao Deus de Israel. Ou então este não seria um culto ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó. É que em nenhuma ocasião de discurso ou cântico ouvi, ou não percebi, a palavra Israel. Quem quiser tirar Israel da Bíblia, tira a Bíblia do culto. Pode ter um culto, mas não um culto cristão.

Sem a mensagem de Jesus efetivamente na vida de cada um e um perdão genuíno, reparador e restaurador, no coração de judeus e palestinianos não haverá paz possível.
Lucas 6:35 “Amai, porém, os vossos inimigos, façam-lhes o bem e emprestem-lhes, sem esperar receber nada de volta. Então, a recompensa que terão será grande e vocês serão filhos do Altíssimo, porque ele é bondoso para com os ingratos e maus.”


Quadro de Rembrandt "O Sacrifício de Isaac" (1635),
mostrando agora um soldado das Forças de Defesa de Israel
escondendo a face de Isaac ao preparar-se para cortar a sua garganta

Pintura de Murillo "Cristo curando o paralítico no tanque de
Betesda"
(1670), sobreposta a um pano de fundo com o muro de segurança construído por Israel.
 









Perturbação da missa em Belém ao minuto 1:52:40

Visita à igreja da Natividade:

 

Observo que, mesmo tndo consciência de que tenho uma mentalidade ocidental e de cristão livre não consigo entender esta harmonia entre cristãos e muçulmanos que reclamam por liberdade de adoração do género da que se viu no vídeo acima ao minuto 1:52:40. Se eu não soubesse mais nada sobre isto ficaria feliz pela honestidade e boa-fé destas crianças de Belém. Ainda bem que estão em harmonia e dão-se bem, diria.


Mas, há uma armadilha aqui: é que um cristão, pelo menos, o cristão, é livre na sua adoração mesmo quando está numa prisão. Portanto, quem quer que seja, que imprimiu estes papeis para as crianças exibirem ao papa, confundiu "muçulmanos e cristãos" com "palestinos". 

Logo, é de lamentar uma vez mais que as crianças sejam usadas como um instrumento
político e no interior de uma "igreja".



Filmem as minhas costas! Já filmaram? Então agora posso ir...



O pincel do Photoshop também dá uma ajuda separando o mundo cinzento do mundo colorido à frente das crianças e nas costas do papa. A televisão do Vaticano fez o resto filmando as imagens em separado colocando-as na montagem do filme depois.

Fotos extraídas do vídeo neste link: https://www.youtube.com/watch?v=5JFDZPwhx6A#t=1808

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