domingo, 9 de fevereiro de 2014

O caminho da felicidade


“Vendo Jesus as Multidões, subiu ao monte, e, como se assentasse, aproximaram-se os seus discípulos” (Mateus 5.1).

O texto começa a afirmar: “vendo Jesus as multidões”. Hoje em dia, com uma explosão demográfica quase sem controlo, estamos acostumados a ver multidões, são multidões nos estádios, nas ruas, nas escolas, nas igrejas, multidões nas filas de desempregados, nas filas de hospitais públicos etc. 
Creio que essa linguagem nos é muito comum. A questão é: precisamos “ver” as multidões como Jesus as vê!



Mateus 9.36 “Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor”. Jesus via as multidões além de número e contemplava cada pessoa em sua singularidade.

O maior de todos os sermões que a humanidade já ouviu encontra-se no sermão do monte proferido pelo Filho de Deus. Aqui Jesus vê uma multidão “aflita e exausta”, ou seja, um povo debaixo de muito jugo e opressão. Podemos concluir que era uma multidão de infelizes! Eram tantas as mazelas em que aquelas pobres almas viviam que, e para completar, elas “não tinham pastores” – não havia como encontrar um ombro amigo, um lugar de refrigério, um porto seguro.





Situação social:- Taxas de impostos aplicadas pelo governo romano empobreciam cada vez mais aquelas pessoas (onde é que isto já se viu…?) - Os líderes religiosos impunham “fardos pesados e difíceis de carregar” Mateus 23:4, Doenças, moléstias e tristezas que oprimiam as suas almas.


Aquele povo precisava portanto que alguém se levantasse e dissesse: “Aqui está o caminho da felicidade!”

Alguém que não só soubesse apontar para essa vereda, mas que tenha ele mesmo caminhado por ela. Jesus supera esse critério, pois Ele mesmo é o caminho que nos conduz a uma vida feliz. Ele começa sua pregação dizendo “bem-aventurados”, isto é, “felizes”!! Você é feliz? Será que você não está nessa grande multidão que caminha sem rumo em busca da felicidade? Jesus dá-nos o grande segredo da felicidade. 


A seguir iremos aprender com Jesus o segredo da felicidade no meio a todas as adversidades que nos cercam. Veremos cada uma das bem-aventuranças que o Mestre tão graciosamente nos aponta como a chave que destranca os portais da felicidade.


1. Os humildes de espírito.


“Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus”
 Mateus 5.3 
Creio que essa esperança havia-se esfriado no coração daquelas pessoas a ponto de tornar-se uma mera utopia, um sonho distante.


Para entendermos o que significa ser “humilde de espírito” é importante sabermos o que não é “humilde de espírito”. Muito do nosso fracasso na vida espiritual, vem do facto de não compreendermos as Escrituras.


Bom, ser humilde de espírito não é ser pobre financeiramente: existem muitos ricos que são humildes e muitos pobres que são orgulhosos; não quer dizer que devemos ser tímidos, fracos e covardes (II Timoteo 1.7) e não é nos gloriarmos na “humildade” procurando receber elogios, com frases vazias como: “sou um nada, um Zé ninguém!”, ou coisa assim!


II Timóteo 1:7 “Porque Deus não nos deu o espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação.” 
Em algumas versões está escrito: “felizes os pobres no espírito”, que aqui implica em termos uma consciência de nossa necessidade espiritual, reconhecendo que dependemos de Deus pois somos incapazes de andar por conta própria.


O homem sempre buscou a felicidade, ou seja, estabelecer um reino, por meio das riquezas e da grandeza, mas quantos “grandes” homens morreram agonizando num leito de infelicidade e solidão aterrorizados e frustrados com sua busca inútil. O nosso orgulho e ostentação têm nos levado à falência e nossa tentativa de viver longe de Deus, ou seja, à parte d’Ele, só tem nos afastado cada vez mais e nos lançado em um poço sem fundo.


A Bíblia diz que “…Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes”; (I Pedro 5:5) Não há coisa mais terrível do que ter o próprio Deus como opositor! Muitas vezes Deus permite que passemos por algumas circunstâncias adversas a fim de nos levar ao quebrantamento e humildade. Nabucodonosor, literalmente, pastou até conhecer o Altíssimo, o qual tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer. Daniel 4:25 "serás expulso do meio dos homens, e a tua morada será com os animais do campo, e te farão comer erva como os bois, e serás molhado do orvalho do céu, e passar-se-ão sete tempos por cima de ti; até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer."


Precisamos aprender o caminho da humildade através do exemplo de Cristo que a Si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo. A humildade nos faz conquistar autoridade pois por meio dela Deus nos dá graça.


Procurar um caminho paralelo à humildade é cair numa grande armadilha. Precisamos entender que a felicidade não se compra. Ela se recebe graciosamente das mãos do Senhor. Isso é escândalo para o homem que tenta conquistar as coisas por algum preço, mas a menos que reconheçamos nossa bancarrota espiritual por vivermos longe do Criador, nunca nos sentiremos realizados.

A humildade, é a mais nobre de todas as qualidades no homem. Há uma promessa para os “humildes de espírito”: “deles é o reino dos céus”!!


Olhe para Jesus nascendo numa cabana, declarando que não tinha onde reclinar sua cabeça (Mateus 8.20), montado num jumentinho… ali estava o Rei da Glória, o Governante do universo! Ele diz: “olhe para mim; sigam os meus passos, aprendam o caminho da humildade e estarão preparados para governar”. A felicidade não está nas grandes e complexas coisas da vida, mas na simplicidade de uma vida sedenta de Deus e totalmente dependente d'Ele.

2. Os que choram.


Jesus aqui coloca o “choro” como uma disposição daqueles que experimentarão a felicidade. Esse choro que nos leva à bem-aventurança não fala de tristeza pessoal ou melancolia, também não se refere a alguém mal-humorado, mas trata de uma disposição de espírito: o quebrantamento!

O que para o homem caído parece uma qualidade repugnante, fruto de fraqueza e descontrolo emocional, no conceito bíblico refere-se a uma expressão desesperada de nosso espírito que clama por perdão de pecados e mudança interior.

O mundo abomina esse choro porque tem estado indiferente a Deus e Sua Palavra: não aceita o facto de ter que se arrepender e depender absolutamente do Criador. Jesus sabe o que é chorar. Em Isaías 53:3 Ele é descrito como “homem de dores e que sabe o que é padecer”; João descreve em seu evangelho o Filho de Deus “chorando” (Jo 11:35) e Lucas 19.41 relata o choro do Messias sobre Jerusalém.

Deus chora? Deus chora pelo nosso pecado, pela nossa indiferença, por nossa dureza de coração e pelo estado decadente em que o pecado nos deixou! Que o homem possa se ver como Deus o vê: carente do perdão e misericórdia divina e então correr para os Seus braços de amor. Que nesse tempo de clamor por mudança interior e avivamento, o Espírito Santo gere em nós esse choro, um choro desesperado por ter Jesus vivendo Sua vida em nós: “…coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus” SaImos 51.17.

A igreja não pode estar mais indiferente ao mundo sem Deus, não pode mais desdenhar seu próprio estado de soberba espiritual. Muitos entre nós têm perecido e tristemente não o percebemos.

O profeta Jeremias faz uma oração profética pela igreja: “Prouvera a Deus a minha cabeça se tornasse em águas, e os meus olhos, em fonte de lágrimas! Então, choraria de dia e de noite os mortos da filha do meu povo” Jeremias 9.1.

Em Tiago 4.9 a Palavra de Deus adverte-nos: “Afligi-vos, lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria, em tristeza” Tiago 4.9

Há uma promessa para os que choram! Para aqueles que agonizam por uma transformação de vida: “eles serão consolados”. Jesus é chamado de O Consolador de Israel! Ele mesmo nos tomará em Seus braços e nos consolará: “Como um pai se compadece de seus filhos, assim o SENHOR se compadece dos que o temem” Salmos 103.13.

Esse é o caminho para a verdadeira felicidade: “…Ao anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã” (SaImos 30.5). Você chora? Então receba a promessa: “pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima” Apocalipse 7.17

3. Os mansos.

O que confunde o homem natural (I Coríntios 2.14) nessas declarações de Jesus, é que essas características estão completamente em desarmonia com o pensamento do mundo. Para o homem caído isso é fraqueza, mas para Deus é sabedoria e poder para conquistar. I Coríntios 1.26-29.

A mansidão a que Jesus se refere não é a uma submissão forçada, não tem a ver com fraqueza ou debilidade e muito menos com a questão de temperamento. Essa espécie de mansidão, que é fruto do Espírito (Gálatas 5.22,23), é compatível com força de caráter e com grande autoridade e poder. Olhe para os homens de Deus na bíblia que eram mansos, mas eram fortes!

A palavra grega traduzida por “manso” era um termo usado com frequência para descrever algum animal que tinha sido amansado para obedecer às ordens do seu dono. Tal animal não era fraco (boi, cavalo), mas era manso.

Ninguém nasce com essa mansidão, mas ela é-nos dada pelo Espírito Santo e é na medida em que o carácter de Cristo vai sendo formado em cada um de nós. Aqui não está em foco apenas o aspecto “gentileza”, ou a “não-estupidez”, mas o deixar o Filho de Deus, Jesus, viver sua vida em nós e isso acontece na proporção em que morremos para nós mesmos: “…
Gálatas 2.19b,20 “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim”.

Para quem morreu para si mesmo nada existe a ser defendido e muito menos ofendido! Estamos a viver uma época marcada pelas neuroses, pelas tensões e pela impaciência. Tudo isso tem produzido uma safra de lares desfeitos e um milhão de úlceras gástricas, o que representa uma multidão de gente derrotada e infeliz.

Não temos paciência com nossos filhos, com nosso cônjuge, com o carro que vai à nossa frente… a lista é interminável e não sei onde vamos parar!

Você quer ser feliz? Então olhe para o homem mais manso que já pisou os pés nessa terra: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” (Mateus 11.28,29).

Por vezes enfrentamos provas severas, onde a tolerância, a capacidade de perdoar e de resistir chegou ao limite! Mas é aqui que devemos descer à fonte de água da vida e beber da graça que vem de Jesus. Colossenses 3:12 “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afectos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade”

4. Os famintos e os sedentos


“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos” (Mateus 5:6) Apenas os sedentos buscam água, apenas os famintos buscam alimento. Jesus falava a uma multidão de gente assim, mas é claro que essa fome e sede a que Ele se refere é um desespero real por experimentar a presença de Deus. Qualquer avivamento registrado na história, desde aquele que ocorreu no dia de pentecostes até ao famoso avivamento de Gales e da rua Azuza, começou com gente desesperada por uma experiência com Deus.

Um dos maiores problemas da igreja atual é a falsa sensação de satisfação que têm causado fastio da presença de Deus. Temo-nos distraído com coisas fúteis e passageiras que não trazem edificação e crescimento, como a igreja em Laodicéia, temos dito: “Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma”  (Apocalipse 3.17) Deus diz para tal igreja: “e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu”. Que a Igreja acorde e deixe o orgulho e a auto-suficiência em que se encontra enquanto é tempo! Deus busca gente faminta e sedenta, totalmente dependente dEle.


Salmos 42:1 “Como o cervo anseia pelas correntes das águas, assim a minha alma anseia por ti, ó Deus!”


Jesus, o Noivo, quer voltar para a Sua Noiva, a Igreja, mas será que ela O deseja ardentemente? Em cantares de Salomão, é retratado o ardoroso amor de Jesus pela Igreja e esse livro fala da esposa (igreja) que busca o esposo (Jesus) com todas as suas forças. 
Depois de procurá-lo insistentemente por todas as partes, ela o encontra e então a Palavra diz: “encontrei logo o amado da minha alma; agarrei-me a ele e não o deixei ir embora…” Cantares 3.4.


Deus está à procura de gente assim: como Ana, mãe de Samuel que se tornou tão desesperada por um filho, que se agarrou aos pés do Senhor com lágrimas, até receber a promessa. 
Essa espécie de devoção nunca deixa de mover o Senhor no sentido de responder o seu povo. Que possamos expressar o desejo do salmista ao dizer: SaImos 42.1 “Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma”.


Se quisermos avivamento, devemos saber que um desespero santo, precede esse grande mover. 
Muita gente enche igrejas em busca de tantas coisas e o Senhor até atende suas necessidades, mas Ele só concede a verdadeira satisfação àqueles que estão famintos e sedentos pela Sua doce presença!

- Você tem essa sede e essa fome santa da presença do Senhor?
- Você está insatisfeito com sua vida espiritual?


Você quer mais de Deus, então receba a promessa: “Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite”João 7.37 Jesus te diz: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba”. Isaías 55.1 

5. Os misericordiosos.


“Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”
(Mateus 5.7)


Lamentações 3.22. “As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim”. Cada um de nós tem experimentado essa infinita bondade divina que tem nos poupado a cada dia de sofrermos a Sua ira. Falar de misericórdia é falar de complacência, de perdão, de vida livre das amarras da amargura e do ódio. Jesus disse que "com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também”Mateus 7.2


É triste que como à semelhança daquele homem que devia uma grande quantidade de dinheiro e que foi perdoado, mas não perdoou o seu companheiro por lhe dever tão pouco, (Mt 18.23-34), agimos de forma implacável e injusta com o nosso próximo. 
Queremos misericórdia, e necessitamos dela! Mas acabamos negando-a quando temos a oportunidade de manifestá-la àqueles que estão ao nosso redor.


Muitas vezes não temos o conhecimento de causa necessário e já lançámos um veredicto de condenação e acusação sem sequer apurarmos os devidos factos. 
A misericórdia é qualidade inerente de todos aqueles que nasceram de novo, sem ela é impossível viver e conviver com os outros, se ela não for exercida, jamais seremos felizes! 


Obviamente, não podemos entender a misericórdia se não for à luz da graça de Deus. Precisamos olhar do ponto de vista de um devedor e não de um credor! 
É impossível que aquele que tenha experimentado da graça do Senhor e aceitado sua misericórdia, também não seja misericordioso.


Éramos inimigos de Deus, estávamos banidos de Sua presença e privados de Sua luz e glória, nosso estado não podia ser pior! Mas Ele estendeu Sua mão para nós e nos tirou do poço da condenação eterna… isso tem nome: MISERICÓRDIA! (Efésios 2.1-6). A falta de misericórdia nos homens é que tem trazido a ira de Deus sobre a presente geração (Romanos 1:31). 
“Ofereça misericórdia e seja feliz”! Aqui parece subentendido que não podemos alcançar essa graça de Deus, se não estivermos dispostos a praticá-la. Lembre-se: é na medida em que damos, que também receberemos. Mateus 7.2.


Tiago 2.13 “Porque o juízo é sem misericórdia para com aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo” 
Você é feliz? Você reparte misericórdia? Você está liberto(a) do rancor? Quem sabe você esteja a passar por um momento em que Deus lhe está a dar a oportunidade de ser feliz!


William Shakespeare: “A qualidade da misericórdia não é forçada; goteja como a chuva gentil do firmamento sobre um lugar baixo: é duas vezes bendita, bendizendo o que dá e o que recebe…”.

(autor desconhecido)

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