sexta-feira, 3 de novembro de 2017

À descoberta da nudez


“O homem e a mulher viviam nus e não sentiam vergonha.” Gn.2:25


Deus deu a Adão o governo do mundo: tinha habitação (2:8,8); tinha profissão (2:15,19,20); tinha uma missão (2:16,17); e acesso direto ao criador. Mas faltava-lhe algo que o preenchesse completamente…

Podemos ter muita coisa na vida, fazer o que mais gostamos, mas se nos faltar alguém ao nosso lado estaremos incompletos. Quando Adão a viu a mulher disse: “Esta é osso dos meus ossos, carne da minha carne! Ela será chamada mulher porque do homem foi tirada.” Génesis 2:23.


Deus criou a mulher a partir dele, porém separada dele. A intimidade só é conseguida através de dois seres diferentes. Se fôssemos idênticos não haveria nada para descobrir no outro.

Adão chamou-lhe mulher, não homem. Se lhe tivesse chamado “homem” teria ao seu lado uma réplica. Ainda que ela tenha sido tirada dele, ela é única, diferenciada, com identidade própria. E intimidade é isto: poder unir dois diferentes para que se aproximem e desfrutem da intimidade um do outro.

Eva não foi feita a partir do pó mas da costela de Adão. Dessa forma ele poderia ter cumplicidade física, emocional e espiritual. Ambos pertencem um ao outro, mas como seres distintos têm de produzir essa aproximação mútua. Não há na criação do homem e da mulher qualquer indicador de que um seja superior ao outro. Aqui o foco é a intimidade.

Não vale a pena disputar os mesmos lugares na sociedade ou os papéis de cada um. Isso é um absurdo. Deus criou dois seres para se completarem. Na intimidade de um casal falamos de cooperação, não de competição.

Como poderá ser paraíso de um casal?

A Bíblia faz uma descrição muito curta: “O homem e a mulher viviam nus e não sentiam vergonha.” Génesis.2:25

Não existe melhor ilustração da boa intimidade de um casal: viviam nus e não tinham vergonha. A intimidade era física, emocional e espiritual; a transparência era total e não tinham medo de esconder nada um do outro.

A intimidade com o nosso cônjuge pode medir-se pelo nível de nudez que temos com ele/a. Se temos vergonha de falar alguma coisa ou procuramos esconder algo, então a nossa nudez está afetada e também a nossa intimidade.

Eventualmente poderás esconder algo, tens com vergonha e medo de seres rejeitado. No namoro os casais contam tudo um ao outro mas alguns passados uns anos, começam a colocar barreiras na sua intimidade.

O pecado, quando entra na nossa vida, afeta a nossa intimidade. Adão e Eva não tinham nada de que se envergonhar até ao dia em que…

Como restabelecer a transparência e intimidade que havia no jardim do Éden?
Como restabelecer o nível de intimidade quando nos apaixonámos um dia?

O jardim em que vivemos nos nossos dias.

Um dia, no jardim do Éden Adão e Eva perceberam que tinham vergonha um do outro e cozeram folhas de figueira para se cobrirem. Quando Deus os veio visitar ao entardecer, esconderam-se d’Ele também. A confiança tinha sido traída e um princípio de vida tinha sido quebrado. E desde então os casais não têm cessado de, passado um certo tempo, começarem a encobrir coisas ao outro.

Este é o problema que está na origem da quebra de intimidade: o pecado expresso na forma de: 
- ocultar coisas que desejas que o outro não saiba;
- medo de seres descoberto/a;
- culpa;
- retração;
- auto-proteção…

Neste ponto um outro elemento extraordinariamente perturbador entra em cena: o egoísmo.

O egoísmo começa com pequenas coisas que sabemos à partida não serem boas para a nossa vida.

Eva sabia que o fruto não era bom: “Deus disse que…”, mas assaltada por uma motivação de desejo egoísta decidiu SOZINHA provar do fruto proibido.

Querer fazer as coisas SOZINHO/A continua a ser um problema entre muitos casais.

- Ele quer sexo mas ela quer ver um filme.
- Ele quer ir ao ginásio e ela quer ir comprar uma louça nova.
- Ela quer ir à Igreja e ele quer ir passear.
E assim, tijolo após tijolo, vai se construindo uma barreira enorme na intimidade de ambos. Nisto, a honestidade já se foi, o que se sente também, e a comunicação baixa a um nível perigosamente baixo.

As nossas inseguranças (ou sentimentos de vergonha) são como roupas que nos cobrem para não sermos conhecidos e rejeitados. Eventualmente a roupa em cima do corpo já é tanta que não há qualquer possibilidade do outro saber quem realmente somos. E quando essa pessoa, que um dia foi íntima, agora não passa de um mero estranho coberto de roupa, então a solução é a separação, o divórcio.

Quanto tempo Adão e Eva ficaram nus? Até ao dia em que pecaram. Repara no que eles responderam a Deus depois que descobriram que estavam nus e se cobriram com folhas de figueira: “Ouvi os teus passos no jardim e fiquei com medo porque estava nu, por isso me escondi”. Génesis 3:10

O medo, a culpa, a vergonha, causam intolerância à nudez. E antes que o dia terminasse Deus preparou roupas de peles para os cobrir e expulsou-os do jardim.

Será possível voltar ao jardim?

Adão e Eva tiveram que atravessar a experiência dolorosa de admitir o erro e encarar o sacrifício de um cordeiro. A culpa, a vergonha e o medo só podem ser ultrapassados com a confissão e o perdão.

A maior lição a extrair é que ambos precisaram de Deus para que o seu relacionamento fosse restaurado. Efetivamente nós sabemos que eles tiveram filhos e filhas.

O paraíso pode ser restaurado por meio de uma comunicação sincera e amorosa. Precisamos de reconhecer que sem Deus todos somos criaturas decaídas programados para nos machucarmos uns aos outros por causa do nosso egoísmo latente.

A intimidade não se pode alcançar com a negação dos nossos erros mas sim através de uma comunicação honesta. Nós não podemos controlar de todo as nossas emoções e paixões, mas tal como aconteceu quando conhecemos a pessoa com quem casámos nós “apaixonamo-nos” com quem temos um relacionamento de “nudez” total.

Costuma dizer-se que “amar é uma decisão”. Bom, pode ser até um mandamento, como Jesus ordenou que amássemos os nossos inimigos. Amar é essencialmente o resultado da disposição do nosso coração, o resultado da exposição ao nosso diferente, um chamado que nos faz corresponder com o plano de Deus para as nossas vidas. Do mesmo modo que um dia “não decidimos” ficar apaixonados pela pessoa com quem casámos, também podemos “não decidir” não tirar a roupa que atrapalha a nossa transparência e boa comunicação sobre tudo o que desejamos, sentimos, que nos envergonha e amedronta."

Quando um cônjuge rompe a aliança conjugal, ou seja quando age no seu exclusivo interesse pessoal ignorando a mágoa que pode causar no seu casamento, o resultado é a quebra de confiança. Quando eu coloco os meus interesses acima dos da minha esposa eu já estou a abandonar o caminho do amor. A restauração do relacionamento renascerá por meio de um novo comportamento demonstrando assim que me arrependi genuinamente (mudei de direção) e que efetivamente amo de todo o coração.

Conclusão.

Os nossos erros são cobertos não com as roupas que confecionamos para nós próprios mas com as que Deus preparou para nós.

Isaías61:10 “Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegrará no meu Deus, porque me vestiu de vestes de salvação, cobriu-me com o manto de justiça, como noivo que se adorna com uma grinalda, e como noiva que se enfeita com as suas jóias.”

O nosso relacionamento com Deus é essencial para construirmos intimidade no casamento. Adão e Eva afastaram-se um do outro após se terem separado de Deus.

Como podemos afirmar isto? Pela acusação: “A mulher que me deste por companheira…” O nosso relacionamento com Deus leva-nos a reconhecer os nossos erros, a pararmos com as acusações e a ter o paraíso de volta aos nossos relacionamentos.

Sem comentários:

Enviar um comentário