terça-feira, 22 de setembro de 2015

Escolher a raposa que mente menos


Há raposas que querem tanto o queijo que acabam por consegui-lo com a sua lábia ardilosa.  Há outras que não conseguindo alcançar as uvas adoptam uma atitude de desprezo. O que ambas têm em comum é a mentira.

É evidente que eu não espero que o carácter dos políticos do meu país seja melhor amanhã do que o é hoje. Porém, eu não me lembro de uma campanha eleitoral em que o tema “mentira” ocupasse tanto tempo dos discursos de campanha eleitoral, isto pela informação que me chega, porque para comícios não tenho pachorra.

A única conclusão que posso tirar desta nova forma de agir é que isto está tão mal que eles assumiram que para conseguir votos também é possível usando a velha táctica de descredibilização do adversário. Eles sabem que em liderança, uma das formas mais eficazes para derrubar um oponente, é atirar poeira para os olhos dos espectadores com insinuações de mau carácter. Já fizeram isso comigo. À conta dessa estratégia manhosa fui experimentar o sabor do desemprego e mais tarde o trabalho por turnos.

Sejamos coerentes, nós pelo menos: os políticos mentem! E mentem porquê?
  1. Eles mentem por são honestos, ou seja, tal como os viciados em tóxicos, eles realmente querem melhorar a vida de alguém, mas não conseguem;
  2. Eles mentem porque são verdadeiros, ou seja, acreditam que podem cumprir as promessas que fazem, mas as clientelas aparecem e comem a maior parte do queijo;
  3. Eles mentem porque são rigorosos, ou seja, a Lei, o Orçamento, a Constituição e nada mais do que isso, condicionantes que foram eles que criaram para beneficiar uma minoria.
Os políticos, presentemente, são este tipo de raposas manhosas. Eles sabem também que a maioria dos eleitores não tem elementos para fazer uma análise correcta das afirmações proferidas e por isso o mais habilidoso prevalecerá. Mais longe, o que de facto penso, é que o que está por detrás de tudo isto é uma sistema capitalista monstruoso cujo fim só pode ser um novo tipo de escravidão humana. A pobreza aumenta em todo o mundo e também os recursos naturais no planeta. Isto, se a espada e o fanatismo não chegarem primeiro.

Como cidadão eleitor já fui enganado várias vezes. Sempre cumpri com o meu dever, excepto por duas vezes: uma estava no mar, Marinha de Guerra, e outra nos Açores. A partir de certa altura passei a fazer os riscos fora do quadrado, assumo. Desta vez, a minha consciência é confrontada com tanta imbecilidade que terei que mudar de comportamento. Não votarei por acreditar que um partido ou ideologia seja mais eficaz que o outro mas porque neste momento parece-me que um deles é mais ameaçador para o meu país do que o seu oponente.

Quem está no governo está na posse de elementos mais concretos sobre a situação do país e quem está na oposição não tem acesso a todos os dossiês. Quem está na oposição tem a vantagem de conquistar todos os descontentes e quem está no governo tem a vantagem de arvorar a bandeira da estabilidade.

É por isso que essas matérias de propaganda do rigor e da verdade só convencem os que vestiram sempre a mesma camisola. Parece-me portanto que terei que escolher entre aquele que eu penso que mente menos. 

E cuidado com as raposas, as que querem os queijos e as que desprezam as uvas.

Sem comentários:

Enviar um comentário