quarta-feira, 1 de março de 2017

As linguagens do amor


“As Cinco Linguagens do Amor” é uma abordagem sobre as relações conjugais numa perspectiva de comunicação através de atos, no que diz respeito a dar e receber, na “linguagem” que mais agrada ao cônjuge. Gary Chapman encontrou em “palavras de afirmação”, “qualidade de tempo”, “receber presentes”, “formas de servir” e “toque físico”, matéria suficiente para desenvolver as suas abordagens em sessões de terapia com casais.

Entre outros temas, esta abordagem também ganhou espaço nos nossos convívios de casais.

I. Primeiro uma história…

Estávamos a cerca de 12 mil metros de altitude, algures entre Buffalo e Dallas, quando o meu companheiro de viagem colocou a revista que lia na bolsa do seu banco e, olhando na minha direção, perguntou:

— O que você faz?

— Sou conselheiro conjugal e dou seminários na área de família, respondi.

Ele disse-me então que há muito tempo gostaria de fazer uma pergunta a um conselheiro conjugal e então aproveitaria para colocá-la:

— O que acontece com o amor após o casamento?

— O que exatamente você quer dizer?

— Bem, já estive casado três vezes e em cada uma delas tudo era muito bonito até ao enlace matrimonial. Em algum lugar, depois do “sim”, as coisas mudavam. Todo o amor que eu imaginava ter e todo amor que elas pareciam ter por mim evaporaram-se. Posso dizer que sou uma pessoa inteligente, sou um empresário bem-sucedido nos meus negócios, mas não consigo entender a razão disto acontecer.

E a conversa continuou:

— Durante quanto tempo você ficou casado?

— O primeiro casamento durou cerca de dez anos, o segundo três e o último seis anos.

— O amor evaporou-se imediatamente após o casamento, ou foi uma perda gradual?

— Bem, o segundo casamento começou a funcionar mal desde o início. Não entendi o que aconteceu. Pensei que nós realmente nos amávamos, no entanto, a lua-de-mel foi um desastre e depois disso nunca mais recuperámos. Tivemos um período de seis meses de namoro, um romance arrebatador e estávamos realmente entusiasmados. Mas, foi só nos casarmos, para que nossa vida virasse uma batalha campal sem tréguas. No primeiro casamento tivemos uns três ou quatro anos bons, antes que o primeiro filho nascesse. Daí em diante ela deu toda sua atenção para a criança e parecia que não precisava mais de mim!

— E você compartilhou isso com ela?

— Sim, mas ela respondeu que eu estava maluco e que não compreendia o que era ser mãe 24 horas por dia. Reclamou, inclusive, que eu deveria ser mais compreensivo e ajudá-la mais. Eu tentei, mas parecia que não fazia diferença alguma. Daquela época em diante afastamo-nos ainda mais. Depois de certo tempo deixou de haver amor, e em vez dele apenas a indiferença. Concordámos que o nosso casamento tinha chegado ao fim.

— E seu último casamento?

— Esse, eu realmente pensei que seria diferente! Já estava divorciado há três anos e namorei 24 meses com minha esposa. Achei que realmente sabíamos o que fazíamos, pela primeira vez na vida senti que realmente amava alguém e também pensei que ela me amasse de verdade!

Ele prosseguiu:

- Acredito que jamais mudei depois do casamento. Continuei a dizer-lhe que a amava, da mesma forma que o fazia antes de casarmos. Declarava o quanto ela era bonita e como estava orgulhoso por ser o seu marido. Porém, apenas alguns meses após o casamento ela começou a reclamar. No início era apenas por coisas pequenas, tais como o facto de eu não levar o lixo para fora ou não guardar minhas roupas. Depois, começou a agredir o meu carácter, ao dizer-me que não podia confiar em mim e acusou-me de lhe ser infiel. Tornou-se totalmente negativista. Antes de nos casarmos ela nunca fora pessimista, pelo contrário, era uma das pessoas mais otimistas que já conheci. E essa foi uma das características que mais me atraiu nela. Ela nunca reclamava de alguma coisa. Tudo que eu fazia era maravilhoso. Bastou casarmo-nos, para que de repente eu não fizesse mais nada certo! Então gradativamente perdi o meu amor por ela e fiquei magoado. Era óbvio que ela não me amava mais. Concordamos que não havia mais algum motivo para continuarmos juntos e separamo-nos.

Ele fez uma pausa e continuou:

— Isso foi há um ano. Minha pergunta, então, é: O que acontece com o amor após o casamento? Minha experiência é algo comum? É por isso que temos tantos divórcios? Não dá para acreditar que isso tenha acontecido três vezes comigo! E aqueles que não se separam? Eles aprendem a viver com o vazio em seus corações ou o amor permanece vivo em algum casamento? Se isso sucede, como é que acontece?

II. Introdução às “Linguagens do Amor”.

Devemos estar dispostos a aprender a primeira linguagem do amor dos nossos cônjuges, se quisermos comunicar o amor de forma efetiva.

As pessoas falam diferentes linguagens do amor.

A sua linguagem emocional e a de seu cônjuge podem ser tão diferentes quanto é o idioma chinês do português. Não importa o muito que você se esforce para manifestar seu amor em português se seu cônjuge só entende chinês! Desta forma jamais conseguirão entender o quanto se amam.

A maioria das vezes, a nossa maneira de emitirmos uma linguagem de amor e de demonstramos o nosso amor, é na verdade a maneira que nós gostamos, ou gostaríamos, que fosse, e não a do outro, e por isso a nossa mensagem chega destorcida.

III. O “tanque do amor”.

Num casamento existe uma espécie de “tanque de amor”.

Estou convencido de que manter cheio o “tanque de amor” do casamento é tão importante quanto manter o nível do óleo num automóvel. Levar um casamento com o “tanque de amor” vazio pode ser até mais difícil do que tentar dirigir um carro sem combustível.

ADVERTÊNCIA: Compreender os cinco idiomas do amor e aprender a falar a primeira linguagem do amor do seu cônjuge pode alterar completamente o comportamento dele. As pessoas relacionam-se de forma diferente quando seu “tanque de amor” está cheio.

Algumas frases ditas ou pensadas:

“De que adianta ter mansão, carros, casa na praia e tudo o mais, se a sua esposa não o ama?”

Dá para entender o que ele realmente desejava dizer? Era: “Mais do que tudo, eu desejo ser amado por minha esposa!”

As coisas materiais não podem substituir o amor humano e emocional. Uma esposa disse: “Ele ignora-me durante todo o dia mas à noite quer fazer sexo comigo. Eu odeio isso!”

Ela não odeia sexo, simplesmente precisa desesperadamente do amor emocional.

IV. As linguagens do amor.

1. A primeira Linguagem do Amor: Palavras de Afirmação

“Um bom elogio pode manter-me vivo durante dois meses”. Se tomarmos suas palavras ao pé da letra, seis elogios por ano manteriam o seu “tanque do amor” num nível operacional. A sua esposa, porém, provavelmente precisará mais do que isso.

“Estás mesmo elegante com esse fato!”

“Estás muito gira com esse vestido!”

“Ninguém faz essas batatas melhor que tu!”

“Querido, muito obrigada por teres lavado a louça para mim esta noite!”

Muitas mulheres podem entretanto pensar: Ele não faz mais que a sua obrigação, eu também trabalho! Pois, mas a verdade é que ele fez para o bem comum e por conseguinte… custa assim tanto agradecer dando um elogio?

“Muito obrigado por teres feito um jantar tão saboroso!”

O objetivo do amor não é conseguires algo que desejas, mas fazer alguma coisa pelo bem-estar daquele a quem amas. No entanto, é um facto que quando recebemos elogios, dispomo-nos mais a retribuir a gentileza recebida.

O elogio verbal é uma, entre muitas, a forma de expressar palavras de afirmação ao teu cônjuge. Outras formas poderão ser palavras de encorajamento ou palavras bondosas.

2. A Segunda Linguagem do Amor: Qualidade de Tempo

Quando digo “Qualidade de Tempo” desejo referir que deves dedicar a alguém a tua atenção de uma maneira mais intensa ou cuidada. Isto não significa sentar no sofá e assistir televisão, pois quando o tempo é gasto dessa forma, quem recebe a atenção são as estações de TV e não o teu cônjuge. O que pretendo afirmar é algo como: sentarmo-nos no sofá com a televisão desligada, olhar um para o outro e conversar, ou seja, exercer um processo de dedicação mútua; é ir passear juntos, apenas os dois. É saírem ambos para comer fora, é olhar nos olhos do outro e conversar.

Já observaste como nos restaurantes é perfeitamente possível notar a diferença entre um casal de namorados e um casal de casados? Os namorados miram-se nos olhos e conversam. Os casados sentam-se à mesa, olham para todo o lado no restaurante, e estão ali, portanto, só para comer!

O aspecto central da “Qualidade de Tempo” é estar próximo. Não me quero referir simplesmente à proximidade. Estar juntos tem a ver com dares atenção apenas ao teu cônjuge. Duas pessoas sentadas numa mesma sala estão próximas, mas não necessariamente juntas. O “estar junto” tem a ver principalmente com o foco da nossa atenção.

3. A Terceira Linguagem do Amor: Receber Presentes

Um presente é algo que podes segurar nas tuas mãos e que faz o teu cônjuge pensar: “Ele pensou em mim!” ou “Ela lembrou-se de mim”.

Antes de comprarmos um presente a alguém, pensamos sempre nessa pessoa que será o alvo da nossa expressão. O objeto em si também é um símbolo daquele pensamento.

Se a primeira linguagem do amor do teu cônjuge for “Receber Presentes”, tu podes tornar-te um perito nessa área. De facto, essa é uma das linguagens mais simples para se aprender.

O marido que pára ao longo de uma estrada e apanha para a sua esposa uma rosa silvestre, achou ali uma expressão singela de amor.

Se porventura descobrir que a primeira linguagem do amor dele/a é realmente “Receber Presentes”, então talvez percebas que comprar-lhe presentes é o melhor investimento que poderás realizar! Ao investires no teu relacionamento estarás a encher o “tanque do amor” emocional de teu cônjuge. Com o “tanque cheio”, haverá maior correspondência do amor emocional numa linguagem que te agradará e, quando as necessidades emocionais de ambos são supridas, o casamento toma uma dimensão totalmente nova.

Existe um tipo de presente que é intangível e muitas vezes fala mais alto do que qualquer outro que você possa ter nas mãos. Eu chamo-lhe de presente da tua presença, ou presente de tu próprio.

4. A Quarta Linguagem do Amor: Formas de Servir

Eventualmente a tua primeira linguagem do amor é “Formas de Servir”, ou seja, aquilo que tu preferes que o teu cônjuge te faça. Ou então, o teu cônjuge sente-se feliz quando realizas coisas que ele aprecia. Essas são uma forma de expressão de amor sob a forma de serviço.

Estas formas podem ser as mais variadas possíveis, tal como preparar uma boa refeição, pôr uma mesa bem composta e recheada, lavar a louça, aspirar a casa, arrumar o quarto, limpar o pente, tirar os cabelos da banheira, remover as manchas brancas do espelho que são causadas pela pasta de dentes, levar o lixo para o caixote, trocar a fralda do bebé, pintar o quarto, etc…

Podemos também solicitar que o outro faça alguma coisa que desejamos, mas não devemos exigi-lo. Pedidos direcionam o amor, mas cobranças impedem que ele seja liberado.

5. A Quinta Linguagem do Amor: Toque Físico

O toque físico é também um poderoso veículo de comunicação para transmitir o amor conjugal. Andar de mãos dadas, beijar, abraçar e ter relações sexuais são formas de comunicar o amor emocional para com o cônjuge. Pequenos toques ao passar pelo teu cônjuge implicam frações de segundos. Afagos ao sair e ao chegar em casa podem envolver beijos e abraços ligeiros falarão muito alto para teu(tua) esposo(a).

Poderás encher o “tanque do amor” de teu cônjuge se caminhares de mãos dadas até chegar ao carro. Se, normalmente, não beijas o teu cônjuge ao entrar no carro, poderás descobrir que esse gesto tornará a tua viagem mais agradável. Abraçar a tua esposa antes dela sair de casa, além de expressar amor, faz com que ela regresse ainda com uma alegria maior. Tenta novos toques em novos lugares e pergunta a teu cônjuge o que sentiu, se os achou agradáveis ou não. Aprende a falar a linguagem do seu cônjuge.

V. Descobrindo a tua Primeira Linguagem do Amor.

Descobrir a primeira linguagem do amor de seu cônjuge é essencial para manteres o “tanque do amor” sempre cheio. Porém, primeiro vamos certificar-nos de que sabes qual é a tua própria linguagem.

A cinco linguagens:


1. Palavras de Afirmação;
2. Qualidade de Tempo;
3. Receber Presentes;
4. Formas de Servir;
5. Toque Físico.

Três as sugestões para descobrires a tua primeira linguagem do amor:

1. O que o teu cônjuge faz ou deixa de fazer que te magoa mais? O oposto disso é, provavelmente, sua linguagem do amor.

2. O que tu solicitas mais ao teu cônjuge? Aquilo que mais requisitas dele é, provavelmente, o que te faz sentir mais amado(a).

3. Qual a forma mais frequente de expressares amor ao teu cônjuge? Essa pode ser uma indicação de que, através da mesma, também te sentirias amado(a).

Depois de compartilharem estas informações um com o outro, sugiro que “brinquem” três vezes por semana e um jogo a que chamamos “Verificação do Tanque”. Divirtam-se da seguinte maneira:

Ao chegarem em casa, perguntem um ao outro: “Numa escala de zero a dez, como está seu “tanque do amor” hoje à noite?”

Zero significa vazio e dez quer dizer cheio. Faz uma leitura do teu próprio “tanque do amor” — 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1 ou 0. O teu cônjuge então deverá perguntar: “O que posso fazer para ajudar a enchê-lo?”

Neste ponto fazes uma sugestão: Propões ao teu cônjuge algo que gostarias que ele/a fizesse ou dissesse naquela noite. E o melhor que puder, o outro deverá atender à sua solicitação. Depois, invertam a situação e repitam o mesmo esquema de forma que ambos tenham oportunidade de ler as condições de cada “tanque do amor” e fazer sugestões para enchê-lo. Se “jogarem” assim durante três semanas, ficarão motivados a continuar e de maneira informal, esta forma simples e prática de expressar amor.

Certo marido disse-me:

— Não gostei da brincadeira do “tanque do amor”. Cheguei a casa e perguntei-lhe em que ponto se encontrava o “tanque” dela naquela noite. Ela respondeu que em torno de 7. Daí, perguntei-lhe de que forma eu poderia ajudar para que ele enchesse mais um pouco… Sabe o que ela me respondeu?

— A melhor coisa que você poderia fazer para mim esta noite era lavar a roupa.

E ele mesmo concluiu:

— Amor é lavar a roupa? Não dá para entender... Então eu disse-lhe:

— O problema é exatamente esse! Você não entende a linguagem do amor da sua esposa. Qual é a sua?

Sem pestanejar ele disse:

— Toque Físico e especialmente no campo sexual do casamento.

— Então escute bem o que eu tenho para lhe dizer: O amor que você desfruta quando sua esposa o ama através do toque físico é o mesmo que ela sente quando lhe pede para lavar a roupa.

…………..
Este tema foi apresentado e desenvolvido pelo Luis e Lena Moisão no Convívio de Casais que decorreu no CCVA de Alvalade no dia 25 de Fevereiro de 2017. Estiveram presentes 10 casais. O texto acima foi extraído de uma publicação em PDF a qual também pode ser encontrada na internet. Quem desejar esta publicação pode solicitar-nos através do e-mail Samuel Dias

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