quarta-feira, 21 de junho de 2017

Cinco reações em cadeia


“Palavras leva-as vento”. Nem sempre. O dito contradiz um outro: “Há quatro coisas que não voltam para trás: a pedra atirada, a palavra dita, a ocasião perdida e o tempo passado”.

Salomão coloca a questão numa forma positiva: “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo” Provérbios 25:11

A palavra é uma ferramenta muito poderosa. Uma palavra ofensiva pode despoletar violência, uma insinuação provoca mau ambiente familiar e até mesmo a ausência de palavras pode ser perturbador.

“Também as maquinações do fraudulento são más; ele maquina invenções malignas para destruir os mansos com palavras falsas, mesmo quando o pobre fala o que é reto.” Isaías 32:7

A palavra está presente em todas as nossas vivências e comportamentos. Não são apenas as nossas próprias palavras mas também as que os outros dizem, mesmo quando não nos são dirigidas pessoalmente.

1. As experiências levam a interpretações.

Vamos imaginar a primeira vez que um casal vai à Lagoa do Fogo e ambos começam a contemplar a beleza da paisagem:

- Que belo…, que cheiro…, que brisa…!
- Não acredito que me trouxeste aqui para ver um buraco com água lá em baixo!

Imaginemos: O homem passou o dia todo a trabalhar e quando chega a casa encontra um bilhete em cima da mesa ao lado da louça toda suja e por arrumar: “Querido tive de ir a uma reunião urgente. Não sei quando chego. Amo-te.”

A interpretação mais óbvia é: alguém quer que eu arrume tudo isto.

2. As interpretações levam a emoções.

Duas formas de interpretar:

1- Ficas irritado, chateado ou magoado porque não és compreendido pois estás estafado do trabalho, ou;
2- Pensas serenamente que deve ter surgido algum imprevisto e ela teve que sair à pressa.

No nosso relacionamento temos de ter cuidado com as INTERPRETAÇÕES. Precisamos de deixar as interpretações sempre em aberto até surgirem novas informações que nos ajudem a esclarecer melhor a situação e só depois disso devemos soltar as emoções.

Os nossos sentimentos são influenciados pelas nossas interpretações.

As interpretações são também o resultado das nossas experiências passadas, ou seja, não estas habituado a ver louça suja quando chegas a casa.

Situações de erros cometidos no nosso relacionamento e que não estão resolvidos ou conversados, também podem despertar mais reações interpretativas mais tarde.

A nossa disposição mental influencia a forma como interpretamos os episódios na nossa vida, e isso afeta o nosso relacionamento. Se a intimidade é boa conseguimos gerir melhor as “más emoções” ou as interpretações precipitadas.

Para agravar a situação naquele dia até vinhas com intenções românticas…

Muitas pessoas são tão precipitadas nas interpretações que assim que se encontram com a sua “vítima” não se lembram sequer de uma ferramenta essencial que pode resolver muita coisa.

Qual é essa ferramenta? … É uma pergunta! Uma simples pergunta pode mudar muita coisa numa interpretação.

Quando as pessoas fazem acusações e não se lembram de uma única pergunta é porque têm a cabeça (disposição mental) envenenada.

O sistema de crenças também produz interpretações:
Um casal contempla uma flor…
- Que bela flor! Deus é maravilhoso!
- Hum… que tipo de adubo terão usado?

3. Emoções levam a desejos.

Nós reagimos com emoções. Temos medo de um relâmpago, sentimo-nos seguros quando alguém nos abraça, ficamos tristes quando somos criticados, ficamos irritados quando alguém entra na sala acabada de limpar com os sapatos sujos, ficamos felizes sempre que vamos passear, especialmente fora da ilha.

Medo – Abrigo
Segurança – Relaxar
Tristes – resolver o problema
Agredidos – vingança
Felizes – Extravasar.

Uma característica notável do ser humano é a emoção. Dividimo-las em duas categorias: as boas e as más; as positivas e as negativas.
Positivas: ______________________
Negativas: _____________________

As emoções negativas não são pecado pois somos humanos. A forma como reagimos a elas é que podem fazer-nos pecar contra Deus ou o próximo (o cônjuge).

As emoções negativas são como uma luz vermelha no painel do carro. Se não paras a viatura e consertas o problema dentro de pouco tempo ficarás parado no caminho.
- Estou farto deste carro, preciso de arranjar outro!
- Estou saturado desta mulher, preciso de arranjar duas!

Emoções provocam reações- Por exemplo: recebemos um presente, logo sentimos vontade de dar um beijo.

Vamos voltar ao caso do bilhete e da louça. Enquanto observas irritado o bilhete e a louça desarrumada, chega o teu filho mais novo, diz que a mãe passou grande parte do dia no hospital porque a tua filha mais velha cortou o dedo e teve que ser alvo duma intervenção cirúrgica. Isto muda tudo. Se a tua EMOÇÃO te levou a uma reação de ira, agora a mesma EMOÇÃO irá trazer-te compaixão e preocupação.

O que mudou tudo isto? A informação. Qual é o desejo que se segue? Abraçar a esposa e estar com a filha!

Lutero disse: “Não podemos impedir que os pássaros voem sobre nós mas podemos impedi-los de construir ninho em cima da nossa cabeça”.

Paulo disse para levar “cativo todo o pensamento, para torná-lo obediente a Cristo.” II Coríntios 10:5 “Cativo” no original significa “cercar com rede”.

4. Desejos levam a comportamentos.

As vezes só nos apercebemos que estamos a ter um comportamento errado quando somos chamados à atenção.

A sociedade ocidental hoje em dia exalta as emoções e os desejos em detrimento da razão e da escolha. Algumas frases conhecidas:
- Tenho de ser honesto comigo mesmo…;
- O que eu sinto digo logo…;
- Temos que seguir o nosso coração…

A pior forma de imaturidade ocorre quando alguém se deixa controlar por sentimentos e desejos pois o que se segue em cadeia é colocar em prática aquilo que se sente naquele instante.

“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai. O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus de paz será convosco.” Filipenses 4:8,9

5. Comportamentos levam a escolhas.

Até Jesus teve desejos provocados por sentimentos:
“Então foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmane, e disse aos discípulos: Sentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar. E levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. Então lhes disse: A minha alma está triste até a morte; ficai aqui e vigiai comigo. E adiantando-se um pouco, prostrou-se com o rosto em terra e orou, dizendo: Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.” Mateus 26:36-39

Jesus não fez escolhas em resultado de sentimentos tão pouco para alívio momentâneo. Ele sujeitou-se a uma vontade acima da dele, a do Pai. O seu comportamento não mudou em função da dificuldade. Por vezes ouvimos falar de pessoas que têm um comportamento saudável, feliz, descontraído, apesar das dificuldades e as pessoas fazem referência a isso: “Está cheio de problemas e nem parece…”

Repito: a pior forma de imaturidade ocorre quando alguém se deixa controlar por sentimentos e desejos.

Os relacionamentos passam por diferentes estágios na vida e há momentos em que certas necessidades físicas e emocionais não são completamente satisfeitas. A verdade é que as pessoas deixam-se mover pela tendência da sociedade e não têm capacidade de se auto analisar à luz destes cinco sentidos e em consequência precipitam-se em decisões insensatas.

Pensa nisto:
Analisa as experiências vividas que te levam a determinados pensamentos;
Analisa as tuas interpretações quando a informação não está completa;
Analisa as tuas emoções e utiliza-as como alertas para fazer correções;
Analisa os teus desejos à luz da razão e não dos sentimentos;
Analisa os teus comportamentos para não fazeres escolhas erradas.

Experiências levam a interpretações; interpretações levam a emoções; emoções levam a desejos; desejos levam a comportamentos.

____________
Baseado em numa consulta do livro "Agora Você Está Falando a Minha Linguagem" de Gary Chapman, Ed. Mundo Cristão.
Este texto não contém transcrições do livro mencionado.

Sem comentários:

Enviar um comentário