Antes de casar o Manuel imaginava como seria agradável tomar o pequeno-almoço cedo. Assim que casou descobriu que a Maria não gostava de levantar cedo da cama. Também imaginou como seria agradável caminhar pelo meio das montanhas e dormir numa tenda, mas depressa descobriu que ela tinha pavor dos bichos que andam no mato e gostava mais de hotéis com piscina. Pagou o anel de noivado a pronto, pois juros eram coisa que o repelia, contudo ela gostava de gastar com o cartão de crédito. O Manuel gostava de “analisar” cada decisão mas a Maria decidia no imediato o que lhe vinha à cabeça.
Quanto tempo poderá durar um casamentos destes?
Os opostos atraem-se. Até certo ponto.
Todos nós somos diferentes na forma de encarar a vida mas também é evidente que nem todos os casais têm diferenças tão profundas como esta e nós somos capazes de identificar algumas diferenças que temos como cônjuges e indivíduos.
As diferenças também nos revelam que somos criaturas de Deus. Somos todos originais e é verdade que tendemos a sentirmo-nos atraídos por pessoas que nos completam e que são diferentes de nós.
Outras diferenças baseiam-se nos papéis que a sociedade impôs, ou retirou, aos homens e mulheres. Por exemplo, a sociedade ocidental impõe que os homens não devem demonstrar emoções em público e que as mulheres são livres para demonstrar os seus sentimentos. Embora isto já seja muito diferente que antes há muitos que ainda pensam e comportam-se desta forma.
Consegues identificar diferenças no teu casamento provocadas pela cultura social dominante e fazer os ajustes necessários para que o teu casamento funcione melhor?
Não nos podemos esquecer que as diferenças que temos também foram determinadas por Deus, o qual nos deu traços de personalidade distintos.
I. O diurno e o noctívago.
O Jorge casou com a ideia de ir para a cama com a Georgina aí pelas 22:30h. Assim poderiam ler um livro ou conversar durante algum tempo. Não imaginava que ela escolhia precisamente aquele tempo, até cerca da meia-noite para fazer o que ela mais gostava, pintar. Já o Jorge, às 6 de manhã está com a energia toda a acorda com uma vontade doida de ter sexo e viver a vida… Mas tudo bem, quanto a um estar cheio de energia às 22:00h e o outro levantar-se cedo, mas com o que o Jorge não contava mesmo era com o mau humor dela até ao meio-dia.
II. O Mar Morto e o Riacho Borbulhante.
Quem conhece a geografia de Israel sabe que o mar da Galileia desagua através do rio Jordão no Mar Morto, o qual por sua vez retém as suas águas.
Muitas pessoas têm este tipo de personalidade: armazenam num grande reservatório todo o tipo de pensamentos, sentimentos e experiências da vida e não compartilham nada com ninguém.
Se perguntares a um Mar Morto: “O que aconteceu?” ou “porque estás calado?” ele responderá simplesmente: “Não aconteceu nada”.
O Mar Morto simplesmente não tem nada para conversar. No outro extremo temos o Riacho Borbulhante.
É aquela pessoa que partilha tudo à sua volta, não se cala, tem sempre opinião sobre tudo, e quando precisas um tempo de sossego liga-te a contar o que lhe aconteceu recentemente e o resto de toda a sua vida, que já conheces de cor por tantas as vezes que já a ouviste.
É comum o Riacho Borbulhante casar com o Mar Morto. Antes do casamento ambos consideravam as suas diferenças atraentes. Por exemplo, o MM não se preocupava em pensar: “E agora sobre o que vou falar esta noite?”, já o RB pensou que o MM seria um bom ouvinte e como tal uma excelente pessoa para conviver.
O resultado poderá ser que o MM conhece muito bem o RB e o contrário, nem por isso.
III. O Arrumadinho e o Desleixado.
Nunca imaginei que o meu marido fosse tão desleixado, diz a Cláudia a respeito do César. Quando namorava, apesar de saber como ele tinha sempre tudo desarrumado, pensava apenas: “Ele é muito tranquilo com essas coisas”; Ele por sua vez: “Que esmero, é muito asseada, que mulher aprumada”.
Passados três anos ele passa-se dos carretos porque ninguém pode entrar em casa pelo motivo das pessoas “que sujam tudo”, tem que andar repetidamente a endireitar todos os quadros da casa, ela fica irritada por estar sempre a lembrar-lhe que não deve deixar as cuecas e as meias sujas no chão do quarto e que tem de ter mais cuidado sempre que sai do banho porque a água estraga mobília do compartimento.
IV. O Assertivo e o Passivo.
Há os que fazem história e os que lêem história.
O Assertivo anda sempre à procura de alguma coisa para melhorar, pedras para revirar, promover causas, atingir objetivos, etc…; o Passivo passa o tempo a ponderar, a refletir, analisar, a considerar as condicionantes e à espera que alguma coisa aconteça.
Antes do casamento o Assertivo admira a calma, ponderação, reflexão sobre as diferentes situações da vida e como isso seria tão importante na sua vida. O Passivo estava encantado com o espírito de iniciativa do companheiro, aventureiro, desbravador, a fazer coisas acontecer.
Agora, depois do casamento, o Assertivo tem que rebocar o Passivo até para ir dar uma passeio; já o Passivo repete continuamente: “Calma, vai tudo correr bem.”
V. O Organizado e o Espontâneo.
Neste casamento um dos cônjuges é metódico e o outro é espontâneo.
O primeiro, para ir de férias, passa o tempo a consultar mapas de Espanha, hotéis, a fazer reservas, a planear e a arrumar as malas. Depois de tudo devidamente organizado o Espontâneo pergunta: “E se fossemos para os Açores e ficássemos em casa do Tony e da Maria?
Lembram-se daquelas pessoas que preenchiam os movimentos bancários mesmo quando o banco manda o extrato bancário todo detalhado?
VI. O Professor e o Dançarino.
Para o Professor tudo tem que ter uma razão e uma explicação; O Dançarino insiste que não é preciso explicação para tudo, faz-se as coisas porque gostamos e pronto.
Antes do casamento ambos se admiravam mas depois o Professor começou a perder a paciência com a Dançarina porque tinha comportamentos imprevisíveis ao passo que a dançarina começa a ficar saturada com uma pessoa tão obcecada com a racionalidade.
O Professor tem dificuldade em tomar decisões baseadas em desejos e o Dançarino não consegue aceitar que todas as decisões tenham que ser o resultado de uma lógica.
VI. O Leitor e o Espectador.
Quem gosta de livros não consegue entender porque alguém consegue passar tanto tempo à frente de uma televisão a ver uma telenovela, enquanto que o adepto das tecnologias tem dificuldade em aceitar o isolamento de quem se esconde atrás de um livro.
- Anda sentar-te ao pé de mim a ver um filme…
- Que perca de tempo, não se aprende nada com isso.
Outros aspectos podem marcar diferença como desporto, música, tipo de música, caminhadas, geocashing.
VII. O TAP e a Ryanair
O TAP quer a melhor roupa, o melhor telefone, o melhor restaurante e a Ryanair fica feliz apenas com o básico, o carro não precisa de todos os acessórios, a mobília pode ser do IKEA pois o importante é poupar dinheiro para qualquer eventualidade.
Antes do casamento a Ryanair estava fascinada com o estilo de vida do TAP e este por sua vez apreciava a forma cautelosa como a Ryanair gastava o seu dinheiro promovendo assim uma excelente economia doméstica.
- Gostava que pelo menos uma vez na vida tu não escolhesses o prato mais barato do cardápio, diz o marido para a esposa.
- Mas eu pensei que ficasses feliz por eu economizar…
- Na verdade fazes-me sentir um fracassado, como se eu não te pudesse dar coisas boas.
- Não sabia que pensavas assim… Faz favor, uma lagosta…!
VII. Culto de Domingo e Estudo Bíblico.
Geralmente há menos crentes nos cultos de estudo bíblico e oração do que nos Domingos. O problema é quando um crente só de Domingo se casa com quem quer participar em todas as actividades da Igreja.
Pode acontecer que o crente de quarta-feira ache que é mais espiritual que o outro mas também no outro extremo o crente de domingo tem uma relação mais saudável com Deus, enquanto que o de quarta comparece na casa de oração para preencher carências emocionais.
Conclusão.
Como cristãos, em geral orgulhamo-nos do sentimento de que “Deus está do nosso lado”. Se eu me convencer que ler a Bíblia é melhor que ver televisão e com isso hostilizar o meu cônjuge então provavelmente eu torno-me muito pior do que aquele que é diferente de mim.
Se eu me convencer que Deus e os filhos merecem o melhor e por isso tenho de viajar em primeira classe na verdade poderei apenas a estar a ter um ataque de orgulho pois ignoro que a modéstia também faz parte da virtude cristã.
As listas das diferenças no nosso casamento são imensas. A questão é como transformar as diferenças em recursos, em vez de obstáculos.
1
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Mar Morto.
Armazena
pensamentos e sentimentos, Fala pouco.
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Riacho
Borbulhante.
Comunica
tudo o que pensa, vê ou sente.
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2
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Diurno.
Acorda cedo, feliz, entusiasmado. Lema: Deus ajuda quem cedo madruga. |
Noctívago.
Gosta na noite e fica intragável de manhã. |
3
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Assertivo
Faça, aconteça. |
Passivo.
Espere, calcule. |
4
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Maníaco
por arrumação
“Um lugar para tudo e tudo no seu devido lugar”. |
Desleixado
“Onde é
que eu deixei…?”
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5
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Organizado.
Planeja
com antecedência, cuida de todos os detalhes.
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Espontâneo.
Não te
preocupes, tudo acabará bem.
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6
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Borboleta.
Viva o
momento, a vida é uma festa.
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Panda.
Estou
cansado, podemos ficar em casa hoje?
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7
|
Professor.
Vamos analisar bem a situação |
Dançarino.
Não sei
porquê, apenas ficuqei com vontade.
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8
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Sinfónico.
Esta
sinfonia em Lá Menor não é a melhor que já ouviste?
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Pimba.
Ó Manel
malhão…
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9
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Primeira
classe.
Nós
merecemos e só custa uns trocos a mais
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Classe
económica.
Podemos
economizar muito dinheiro. Além disso este avião também chega lá.
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10
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Leitor.
“Tanta
porcaria na televisão com livros tão bons para ler.”
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Telespectador.
“Eu
preciso mesmo de relaxar, Afinal não vejo muito televisão.”
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11
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Corredor.
Exercício,
corrida, determinação. Meu objetivo é correr a maratona e vou treinar faça
chuva ou faça sol.
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Caminhante.
Não preciso de me magoar. Posso apreciar a natureza sem ter que me cansar muito. |
12
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Zapper.
Gosto de
assistir vários canais ao mesmo tempo.
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Apreciador
de publicidade.
Aprecia o
programa completo e conversa durante o período da publicidade.
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