segunda-feira, 26 de junho de 2017

Diferenças



Antes de casar o Manuel imaginava como seria agradável tomar o pequeno-almoço cedo. Assim que casou descobriu que a Maria não gostava de levantar cedo da cama. Também imaginou como seria agradável caminhar pelo meio das montanhas e dormir numa tenda, mas depressa descobriu que ela tinha pavor dos bichos que andam no mato e gostava mais de hotéis com piscina. Pagou o anel de noivado a pronto, pois juros eram coisa que o repelia, contudo ela gostava de gastar com o cartão de crédito. O Manuel gostava de “analisar” cada decisão mas a Maria decidia no imediato o que lhe vinha à cabeça.

Quanto tempo poderá durar um casamentos destes?

Os opostos atraem-se. Até certo ponto.

Todos nós somos diferentes na forma de encarar a vida mas também é evidente que nem todos os casais têm diferenças tão profundas como esta e nós somos capazes de identificar algumas diferenças que temos como cônjuges e indivíduos.

As diferenças também nos revelam que somos criaturas de Deus. Somos todos originais e é verdade que tendemos a sentirmo-nos atraídos por pessoas que nos completam e que são diferentes de nós.

Outras diferenças baseiam-se nos papéis que a sociedade impôs, ou retirou, aos homens e mulheres. Por exemplo, a sociedade ocidental impõe que os homens não devem demonstrar emoções em público e que as mulheres são livres para demonstrar os seus sentimentos. Embora isto já seja muito diferente que antes há muitos que ainda pensam e comportam-se desta forma.

Consegues identificar diferenças no teu casamento provocadas pela cultura social dominante e fazer os ajustes necessários para que o teu casamento funcione melhor?

Não nos podemos esquecer que as diferenças que temos também foram determinadas por Deus, o qual nos deu traços de personalidade distintos.

I. O diurno e o noctívago.

O Jorge casou com a ideia de ir para a cama com a Georgina aí pelas 22:30h. Assim poderiam ler um livro ou conversar durante algum tempo. Não imaginava que ela escolhia precisamente aquele tempo, até cerca da meia-noite para fazer o que ela mais gostava, pintar. Já o Jorge, às 6 de manhã está com a energia toda a acorda com uma vontade doida de ter sexo e viver a vida… Mas tudo bem, quanto a um estar cheio de energia às 22:00h e o outro levantar-se cedo, mas com o que o Jorge não contava mesmo era com o mau humor dela até ao meio-dia.

II. O Mar Morto e o Riacho Borbulhante.

Quem conhece a geografia de Israel sabe que o mar da Galileia desagua através do rio Jordão no Mar Morto, o qual por sua vez retém as suas águas.

Muitas pessoas têm este tipo de personalidade: armazenam num grande reservatório todo o tipo de pensamentos, sentimentos e experiências da vida e não compartilham nada com ninguém.

Se perguntares a um Mar Morto: “O que aconteceu?” ou “porque estás calado?” ele responderá simplesmente: “Não aconteceu nada”.

O Mar Morto simplesmente não tem nada para conversar. No outro extremo temos o Riacho Borbulhante.

É aquela pessoa que partilha tudo à sua volta, não se cala, tem sempre opinião sobre tudo, e quando precisas um tempo de sossego liga-te a contar o que lhe aconteceu recentemente e o resto de toda a sua vida, que já conheces de cor por tantas as vezes que já a ouviste.

É comum o Riacho Borbulhante casar com o Mar Morto. Antes do casamento ambos consideravam as suas diferenças atraentes. Por exemplo, o MM não se preocupava em pensar: “E agora sobre o que vou falar esta noite?”, já o RB pensou que o MM seria um bom ouvinte e como tal uma excelente pessoa para conviver.

O resultado poderá ser que o MM conhece muito bem o RB e o contrário, nem por isso.

III. O Arrumadinho e o Desleixado.

Nunca imaginei que o meu marido fosse tão desleixado, diz a Cláudia a respeito do César. Quando namorava, apesar de saber como ele tinha sempre tudo desarrumado, pensava apenas: “Ele é muito tranquilo com essas coisas”; Ele por sua vez: “Que esmero, é muito asseada, que mulher aprumada”.

Passados três anos ele passa-se dos carretos porque ninguém pode entrar em casa pelo motivo das pessoas “que sujam tudo”, tem que andar repetidamente a endireitar todos os quadros da casa, ela fica irritada por estar sempre a lembrar-lhe que não deve deixar as cuecas e as meias sujas no chão do quarto e que tem de ter mais cuidado sempre que sai do banho porque a água estraga mobília do compartimento.

IV. O Assertivo e o Passivo.

Há os que fazem história e os que lêem história.

O Assertivo anda sempre à procura de alguma coisa para melhorar, pedras para revirar, promover causas, atingir objetivos, etc…; o Passivo passa o tempo a ponderar, a refletir, analisar, a considerar as condicionantes e à espera que alguma coisa aconteça.

Antes do casamento o Assertivo admira a calma, ponderação, reflexão sobre as diferentes situações da vida e como isso seria tão importante na sua vida. O Passivo estava encantado com o espírito de iniciativa do companheiro, aventureiro, desbravador, a fazer coisas acontecer.

Agora, depois do casamento, o Assertivo tem que rebocar o Passivo até para ir dar uma passeio; já o Passivo repete continuamente: “Calma, vai tudo correr bem.”

V. O Organizado e o Espontâneo.

Neste casamento um dos cônjuges é metódico e o outro é espontâneo.

O primeiro, para ir de férias, passa o tempo a consultar mapas de Espanha, hotéis, a fazer reservas, a planear e a arrumar as malas. Depois de tudo devidamente organizado o Espontâneo pergunta: “E se fossemos para os Açores e ficássemos em casa do Tony e da Maria?

Lembram-se daquelas pessoas que preenchiam os movimentos bancários mesmo quando o banco manda o extrato bancário todo detalhado?

VI. O Professor e o Dançarino.

Para o Professor tudo tem que ter uma razão e uma explicação; O Dançarino insiste que não é preciso explicação para tudo, faz-se as coisas porque gostamos e pronto.

Antes do casamento ambos se admiravam mas depois o Professor começou a perder a paciência com a Dançarina porque tinha comportamentos imprevisíveis ao passo que a dançarina começa a ficar saturada com uma pessoa tão obcecada com a racionalidade.

O Professor tem dificuldade em tomar decisões baseadas em desejos e o Dançarino não consegue aceitar que todas as decisões tenham que ser o resultado de uma lógica.

VI. O Leitor e o Espectador.

Quem gosta de livros não consegue entender porque alguém consegue passar tanto tempo à frente de uma televisão a ver uma telenovela, enquanto que o adepto das tecnologias tem dificuldade em aceitar o isolamento de quem se esconde atrás de um livro.

- Anda sentar-te ao pé de mim a ver um filme…
- Que perca de tempo, não se aprende nada com isso.

Outros aspectos podem marcar diferença como desporto, música, tipo de música, caminhadas, geocashing.

VII. O TAP e a Ryanair

O TAP quer a melhor roupa, o melhor telefone, o melhor restaurante e a Ryanair fica feliz apenas com o básico, o carro não precisa de todos os acessórios, a mobília pode ser do IKEA pois o importante é poupar dinheiro para qualquer eventualidade.

Antes do casamento a Ryanair estava fascinada com o estilo de vida do TAP e este por sua vez apreciava a forma cautelosa como a Ryanair gastava o seu dinheiro promovendo assim uma excelente economia doméstica.

- Gostava que pelo menos uma vez na vida tu não escolhesses o prato mais barato do cardápio, diz o marido para a esposa.
- Mas eu pensei que ficasses feliz por eu economizar…
- Na verdade fazes-me sentir um fracassado, como se eu não te pudesse dar coisas boas.
- Não sabia que pensavas assim… Faz favor, uma lagosta…!

VII. Culto de Domingo e Estudo Bíblico.

Geralmente há menos crentes nos cultos de estudo bíblico e oração do que nos Domingos. O problema é quando um crente só de Domingo se casa com quem quer participar em todas as actividades da Igreja.

Pode acontecer que o crente de quarta-feira ache que é mais espiritual que o outro mas também no outro extremo o crente de domingo tem uma relação mais saudável com Deus, enquanto que o de quarta comparece na casa de oração para preencher carências emocionais.

Conclusão.

Como cristãos, em geral orgulhamo-nos do sentimento de que “Deus está do nosso lado”. Se eu me convencer que ler a Bíblia é melhor que ver televisão e com isso hostilizar o meu cônjuge então provavelmente eu torno-me muito pior do que aquele que é diferente de mim.

Se eu me convencer que Deus e os filhos merecem o melhor e por isso tenho de viajar em primeira classe na verdade poderei apenas a estar a ter um ataque de orgulho pois ignoro que a modéstia também faz parte da virtude cristã.

As listas das diferenças no nosso casamento são imensas. A questão é como transformar as diferenças em recursos, em vez de obstáculos.



1
Mar Morto.
Armazena pensamentos e sentimentos, Fala pouco.

Riacho Borbulhante.
Comunica tudo o que pensa, vê ou sente.
2
Diurno.
Acorda cedo, feliz, entusiasmado. Lema: Deus ajuda quem cedo madruga.

Noctívago.
Gosta na noite e fica intragável de manhã.
3
Assertivo
Faça, aconteça.

Passivo.
Espere, calcule.
4
Maníaco por arrumação
“Um lugar para tudo e tudo no seu devido lugar”.

Desleixado
“Onde é que eu deixei…?”
5
Organizado.
Planeja com antecedência, cuida de todos os detalhes.

Espontâneo.
Não te preocupes, tudo acabará bem.
6
Borboleta.
Viva o momento, a vida é uma festa.

Panda.
Estou cansado, podemos ficar em casa hoje?
7
Professor.
Vamos analisar bem a situação

Dançarino.
Não sei porquê, apenas ficuqei com vontade.
8
Sinfónico.
Esta sinfonia em Lá Menor não é a melhor que já ouviste?

Pimba.
Ó Manel malhão…
9
Primeira classe.
Nós merecemos e só custa uns trocos a mais

Classe económica.
Podemos economizar muito dinheiro. Além disso este avião também chega lá.

10
Leitor.
“Tanta porcaria na televisão com livros tão bons para ler.”

Telespectador.
“Eu preciso mesmo de relaxar, Afinal não vejo muito televisão.”

11
Corredor.
Exercício, corrida, determinação. Meu objetivo é correr a maratona e vou treinar faça chuva ou faça sol.
Caminhante.
Não preciso de me magoar. Posso apreciar a natureza sem ter que me cansar muito.

12
Zapper.
Gosto de assistir vários canais ao mesmo tempo.


Apreciador de publicidade.
Aprecia o programa completo e conversa durante o período da publicidade.


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