sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Não só de pão mas também de palavras


"Há quatro coisas que não voltam atrás: a pedra atirada, a palavra dita, a ocasião perdida e o tempo passado"

Vivemos de palavras. A vida e a morte estão na nossa boca: “A boca do justo é manancial de vida, porém a boca dos ímpios esconde a violência.” Provérbios 10:11; “O que guarda a sua boca preserva a sua vida; mas o que muito abre os seus lábios traz sobre si a ruína.”  Provérbios 13:3


Jesus disse que “… Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” Mateus 4:4

Jesus AFIRMOU que o homem TAMBÉM vive da Palavra de Deus. As palavras, já se sabe que são importantes para a vida, a Palavra de Deus é importante para viver melhor ainda.

Há pessoas que não sabem conviver com o seu semelhante por causa das palavras que dizem, logo, um cristão que conhece a Palavra ser infeliz nas palavras que profere, é absurdo e lamentável.

Estágios possíveis de comportamento relativamente a outros:
  • Ódio;
  • Indiferença;
  • Manipulação;
  • Convivência pacífica;
  • Tolerância;
  • Graça;
  • Amor.
Estas são as nossas diferentes formas de lidar com diferentes pessoas. Contudo o nosso relacionamento com elas tem algo em comum: as palavras.

Do ódio à graça vai um longo discurso com muitas palavras que agora aqui não é possível reproduzir. Pelo meio podíamos colocar “justiça”, “razão”, “relações familiares”, “ou relações laborais”. “Amor”, coloquei-o no último estágio porque primeiro que o quiser ter na sua forma mais perfeita deverá conhecer o que é também “graça”, um conceito vastíssimo em matéria de relacionamentos.

Todo o nosso tempo de relacionamento é usado a comunicar com as pessoas e o principal meio empregado são nossas palavras. Portanto, é necessário estar sempre vigilantes quanto ao que nossos lábios falam, pois através de palavras podemos edificar ou destruir.

Há palavras que são ditas e há palavras que são escritas.
Há ainda outras formas de comunicar: por toque, por gestos, sorrisos e “ar de desprezo”, por imagens, por facebook, por sms, etc…

A melhor forma de comunicar é aquela em que olhamos nos olhos das pessoas e dizemos o que sentimos com sinceridade, a pior forma é a escrita, por respostas indiretas ou cínicas, ou porventura falar mal de alguém.

“Mas agora, despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca.” Cl 3:8

Há dois versículos bíblicos juntam no mesmo texto “torpeza” e “graça”:

“Mas a prostituição, e toda a impureza ou avareza, nem ainda se nomeie entre vós, como convém a santos; nem torpezas, nem parvoíces (conversas tolas), nem chocarrices, que não convêm; mas antes, ações de graças.” Ef 5:3-4

“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem.” Ef 4:29

Sendo que, GRAÇA é um estágio apenas ao alcance dos que recebem Cristo, pode dizer-se que todo aquele que usa a sua boca para proferir torpezas só pode colher como consequências DESGRAÇAS.

É uma desgraça não ter amigos, não ter com quem ser autêntico, não ter chefe ou subordinados que o estimem. È uma desgraça ter um relacionamento conjugal desfeito por causa do orgulho e de querer ter sempre a última palavra a dizer.

Segundo as Escrituras Sagradas, todo aquele que com a boca confessa a Jesus como seu Salvador, e com o coração crê para a salvação, é feito nova criatura, passando por uma transformação total em seu ser a começar pela sua língua.

"Assim também a língua é um pequeno membro, e se gaba de grandes coisas. Vede quão grande bosque um tão pequeno fogo incendeia. A língua também é um fogo; sim, a língua, qual mundo de iniquidade, colocada entre os nossos membros, contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, sendo por sua vez inflamada pelo inferno. mas a língua, nenhum homem a pode domar. É um mal irrefreável; está cheia de peçonha mortal”. Tiago 3:5,6,8

“Pois, quem quer amar a vida, e ver os dias bons, refreie a sua língua do mal, e os seus lábios não falem engano;” I Pedro 3:10

À medida que vamos crescendo em idades vamos também adoptando novas formas de comunicar. Alguns nunca aprenderão a comunicar, apenas aprenderam a falar e só dizem disparates. Transforma-se a mente, e as coisas antigas dão lugar às novas.

“O que eu tenho a dizer digo logo…” é a expressão mais vulgar nesta área, e quem diz isto acha-se sempre uma pessoa muito honesta e conhecedora das suas razões e direitos. Acha que tem direito a dizer o que lhe apetecer sempre que quiser, só que nós devemos saber: 
  • quando deve ser dito, (tem tempo);
  • onde dever ser dito, (tem lugar);
  • se deve ser dito, (tem consequências);
  • a quem deve ser dito, (tem destinatário).
Uma ideia interessante de Tito: “aos quais é preciso tapar a boca; porque transtornam casas inteiras ensinando o que não convém, por torpe ganância.” Tito 1:11

Ainda que o versículo tenha a ver com doutrinas, o mesmo aplica-se aos comportamentos. Os princípios aplicam-se do mesmo modo. A conclusão é que há pessoas que falam apenas por ganância. Dizem palavras apenas com um intuito: destruir e matar os outros tentando através disso retirar proveito próprio. São as pessoas que tentam valorizar-se aos olhos dos que lhes estão próximos aproveitando-se das fraquezas dos outros.

Assim, tirar as torpezas da nossa vida implica também mudar a nossa forma de falar COM OS OUTROS E A RESPEITO DOS OUTROS.

Isto implica, portanto, mudança no nosso falar. Alguém que nasceu em Cristo não pode ficar preso à linguagem corrosiva que antes cultivava, porém deve passar a ser um canal através do qual Deus manifestará a Sua Graça aos que ainda não foram alcançados e também àqueles que já O conhecem e O amam.

Segundo o ensino de Paulo, apóstolo de Cristo, o falar cristão deve estar livre de alguns vícios altamente destrutivos:

a)     Palavras torpes:

No original grego, o termo traduzido por torpe é “sapros”, que era comumente empregado com o significado de estragado, podre, decadente, muito utilizado em relação a peixes, carnes, frutas e outros alimentos. Figuradamente, esse termo representa o que é decadente, imoral, prejudicial, danoso, vergonhoso, indecente, nojento, repugnante.

Palavras torpes são aquelas capazes de provocar mal-estar aos outros, fazer com que as pessoas se sintam desconfortáveis e ansiosas por deixar o local, ferir a auto-estima alheia, ofender, humilhar, desanimar etc.

Os palavrões são exemplos bem claros de palavras torpes. Brincadeiras capazes de provocar humilhação, às vezes até mesmo sem intenção, também se enquadram nessa categoria e devem ser evitadas.

Proferir julgamentos contra nossos irmãos é uma forma de torpeza, visto que, quando o fazemos, estamos não apenas usurpando uma prerrogativa que pertence somente a Deus, mas estamos nos colocando em situação de superioridade em relação à pessoa a quem julgamos e provocando redução de sua auto-estima, que pode resultar em consequências muito graves.

De nossos lábios não devem sair palavras de julgamento, críticas, murmuração, maldição, maledicência, depreciação, intrigas, mentiras. Antes, nossa língua deve proferir palavras de estímulo, gratidão, elogios sinceros, bênção, e tudo o mais que for de bom, agradável e edificante.

Paulo é bem claro quanto a isto, ao afirmar que de nossa boca deve sair palavra para edificação, a fim de transmitir graça aos que ouvem.

b)     Parvoíces:

Em algumas versões, em vez de parvoíces consta palavras vãs ou conversas tolas. Segundo o dicionário bíblico, significa tolice, cretinice, estupidez. Essas palavras também significam asneira.

“Não usem palavras indecentes, nem digam coisas tolas ou sujas, pois isso não convém. Pelo contrário, digam palavras de gratidão.” Ef 5:4.

Um cristão não deve andar em conversas tolas, visto que a Palavra de Deus é fonte de sabedoria, e o Espírito Santo leva-nos a um proceder sábio.

Paulo diz: “a vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um” (Cl 4:6).

A murmuração é um câncer, que corrói não apenas a pessoa que murmura, mas também afeta o próximo.

c)     Reclamações:

Em Êxodo 16:3 “E os filhos de Israel disseram-lhes: Quem dera tivéssemos morrido por mão do SENHOR na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne, quando comíamos pão até fartar! Porque nos tendes trazido a este deserto, para matardes de fome a toda esta multidão”.

Há dois tipos de pessoas que não sabem lidar com a adversidade: os escravos e os mimados.

Pessoas que nunca estão satisfeitas são como os escravos. Quando se lhes dá um pouco de liberdade toda a opressão contida explode de um momento para o outro.
Este é um reflexo que acontece também em pessoas com traumas do passado: vomitam tudo para cima de quem lhes quer bem, e foi no caso, o que aconteceu com o povo de Israel que em vez de demonstrar gratidão por Moisés na hora da dificuldade, depois de terem visto tantos milagres, murmuraram com muita petulância.

Pessoas que estão habituadas a viver na escravidão quando são abençoadas não estão preparadas para lidar com a adversidade. Isto explica porque alguns pedintes não conseguem mudar de vida.

Pessoas mimadas também nunca estão satisfeitas porque ficam rapidamente muito inquietas com qualquer desconforto que ocorra. O caso do moço rico é o mais evidente pois tinha tantas riquezas mas por dentro estava completamente vazio.

Então, se te deparares com uma pessoa que fala muito dos outros, que está sempre insatisfeita, estás diante de um escravo ou um mimado.

A nossa boca deve expressar nossa gratidão a Deus por tudo o que Ele nos dá. Devemos agradecer pela nossa casa, pela família, pelo trabalho, pela saúde, pelas tribulações que nos fazem crescer e amadurecer, etc.

Tiago exorta-nos a fazer bom uso de nossa língua, proferindo palavras de bênção, e não de maldição, e procurando refrear a língua, pois assim como ela pode edificar, também tem enorme poder destruidor (Tg 3:1-12).

As palavras devem ser usadas com ponderação em todas as ocasiões, seja no nosso lar, no trabalho, na igreja, no ambiente escolar, em momentos de lazer, etc.

Há relações em muitas famílias que são destruídas porque as pessoas não refreiam as suas línguas, e não pensam antes de proferirem alguma palavra. Assim, cônjuges ofendem-se mutuamente, desvalorizam-se um ao outro; pais amaldiçoam filhos, mesmo sem querer e sem saber, ao atribuírem-lhes algum tipo de característica negativa.

Sigamos o que diz Salomão: “Na multidão de palavras não falta pecado, mas o que modera os seus lábios é sábio.” (Pv 10:19)

“As palavras suaves são favos de mel, doces para a alma, e saúde para os ossos.” (Pv 16:24)

Que sejamos autênticos canais de bênçãos e da Graça de Deus ao nosso próximo, através das palavras que saem de nossos lábios.

Samuel Dias

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