quinta-feira, 15 de novembro de 2012

As bênçãos de Deus não se vendem nem se compram


A lepra era nos tempos bíblicos e ainda hoje em muitos países factor de exclusão social. Pode, portanto, a como ilustração, comparar-se nos dias de hoje ao alcoolismo e outras dependências tóxicas.

II Livro de Reis, capítulo 5

A bíblia, como se sabe, não nos indica nenhum "programa de recuperação de drogas" mas dá-nos instruções como o indivíduo pode mudar de vida. A história de Naamã é um exemplo disso.


I. Os personagens da história:

Naamã.


Naamã, cujo nome, consensualmente, significa criança meiga. O nome, que lhe foi dado na infância, revela um pouco do seu carácter e essa característica especial pode tê-lo acompanhado o resto da vida.


Naamã, diz também a bíblia, era um general poderoso. Deus tinha-lhe concedido vitória sobre o povo de Israel. Porém ele era leproso. O general pela sua posição importante poderia escapar à exclusão social porém não escaparia a uma morte lenta e sofrida. Ele sabia o futuro que o esperava.

A menina.

Numa dessas guerras contra Israel, Naamã leva cativa uma menina para estar ao serviço da sua mulher.

A menina não tem nome, está a cerca de 400 km da sua casa, talvez os seus pais tenham sido mortos nas campanhas militares contra Israel ou poderiam ser também escravos algures naquela terra hostil. Era uma menina adolescente e escrava. Podemos facilmente imaginar qual seria o trabalho dela: cozinhar, lavar as roupas sujas e nojentas de Naamã, servir à mesa, etc…

Mas o que mais impressiona é a sua atitude: “Tomara que o meu Senhor estivesse diante do profeta que está em Samaria; ele o restauraria da sua lepra.” V.3

Algumas perguntas impoêm-se neste momento:

- Que tipo de educação teria esta menina recebido na sua casa a ponto de não odiar quem a mantinha no cativeiro?
- Porque ela não era como nós que numa situação destas, desejaríamos talvez, que a lepra consumisse Naamã o mais depressa possível. Alguns certamente diriam de imediato: “Que morra e depressa que tanto me faz sofrer”. Mas ela não era assim. Ela conhecia o Deus gracioso dos seus pais

Não sabemos de onde a menina tira a ideia de recomendar o profeta Eliseu a Naamã. Talvez tivesse ouvido falar dos feitos de Deus através do profeta Elias e agora do profeta Eliseu. O que é certo é que ela não coloca limitações. Se há profeta de Deus, então há Deus. Haverá cura. Naamã seria curado se fosse visitar Eliseu.

Uma coisa nós sabemos: foram adultos que lhe incutiram estes valores. Foram adultos que não corromperam o seu coração com incitações de ódio contra os sírios. Ao contrário do que se vê hoje em dia por parte da maioria dos partidos políticos e religiões. Os mentores desta menina colocaram nela sementes de esperança, de que havia um Deus poderoso de Israel e que podia curar qualquer pessoa que se chegasse a Ele.

A menina considerou mais o Deus que tinha do que o inimigo que a escravizava todos os dias.

Naamã de novo...

Naamã não perde tempo. Em tempo de desespero, qualquer proposta tem que ser levada a sério. Ela fala com o Rei da Síria, seu Senhor, e recebe ordens para ir ao Rei de Israel buscar a "tal cura". E leva consigo bens e uma carta para o Rei de Israel: Cura Naamã!

O Rei de Israel

O rei fica indignado, rasga as suas vestes (num protesto público) e interpreta o acto como sendo um pretexto para o Rei da Síria romper com ele o acordo de paz.

O rei, por ser rei de Israel, deveria confiar e saber também dos feitos que o Deus de Israel poderia fazer. O rei supostamente deveria estar próximo do profeta.

- Um Rei de Israel deveria pelo menos conhecer a história de Israel… Imagine a história de Israel sem Deus... Israel não existiria;
- Quando um Rei não teme a Deus o povo sofre. Por isso Deus reverteu as vitórias a favor dos seus inimigos;
- Quando um líder não teme a Deus e não reconhece os seus profetas o povo fica à mercê do inimigo.

Eliseu

O profeta Eliseu fica sabendo desse acto humilhante do Rei e pede que Naamã lhe seja enviado. Quando Naamã chega Eliseu nem sequer aparece para ver o aparato da comitiva.

Manda uma ordem pelo criado para que Naamã vá "tomar banho" no Jordão mergulhando sete vezes. Surpreendente. Eliseu não se intimida minimamente com a posição de autoridade do general nem com o seu poder bélico de destruição.

II. As lições da história.

Chamemos a esta ordem de Eliseu um "processo terapêutico", que exige fé, obediência e perseverança. Atitudes que deve ter quem quer que a sua vida mude e se recuperar.

Naamã fica indignado e questiona o processo.

- Não são os nossos rios melhores do que este?
- Porque não posso mergulhar antes neles?

Ou por outras palavras, a sua revolta e pensamente seria talvez assim:
- Porque as coisas não são como eu quero?
- Porque eu haveria de me despir e mostrar o meu corpo cheio de chagas diante da minha comitiva?
- Porque devo humilhar-me e expor-me a esta situação vergonhosa?
- Não deveria o profeta vir ao meu encontro e orar ao seu Deus e impor as mãos sobre a lepra e me curar?
- Será que o profeta tem medo que lhe pegue a minha lepra?

Naamã deve ter dito mais coisas ou então passaram-lhe pela cabeça, pondo em causa a idoneidade do profeta ou a sua “má educação”. É o doente a dizer como quer a cura. É o doente a exigir um tratamento especial e diferenciado.

Indignado Naamã faz menção de se ir embora e abandonar a proposta terapêutica, mas os seus oficiais e amigos convencem-no a dar os mergulhos. Afinal isso não seria assim tão difícil de ser feito, portanto, o que custaria tentar?

Naamã põe em prática o processo e é curado.

Encantado e agradecido quer pagar a conta pelo benefício concedido. Gratidão sem dúvida, não se pode negar a boa intenção!
- Ou então para não ficar a dever nada a ninguém;
- Ou por não lhe ser confortável ficar com uma dívida a Israel;
- Ou então para não ficar a dever nada ao Deus de Israel.

Mas Deus é gracioso. O favor de Deus para com Naamã não tem preço;

Naamã aprendeu que:

- As bênçãos de Deus não se vendem – para que saibam aqueles que fazem comércio com Deus;
- As bênçãos de Deus não se compram – para que o saibam aqueles que fazem sacrifícios que não lhe agradam.

Curiosidade. Quanto Naamã queria pagar pela sua cura? Quanto você pagaria pela sua saúde?
Quanto vale uma grama de ouro?

“Foi, pois, e levou consigo dez talentos de prata, e seis mil siclos de ouro e dez mudas de roupa.”

Que correspondem aproximadamente a 350 Kg de prata; 72 Kg de ouro, 10 vestes festivas.
Qual o valor em moeda actual? Quanto vale a sua saúde? Alguns dirão logo que dariam toda a sua fortuna pela sua saúde.

Cálculos feitos, se uma grama de ouro custar 10 euros então teremos só neste metal 720.000 euros. O total seria portanto mais de um milhão de euros. É caso para dizer que a saúde vale mais que todo o dinheiro do mundo. Naamã sabia dar valor à vida.

Eliseu não aceita o pagamento porque uma bênção de Deus não se pode pagar com bens terrestres. O que Deus mais deseja é que o homem o adore e o ame de todo o coração. O que Deus mais deseja é que o homem cumpra com aquilo que está escrito na Sua Palavra.

Mas então acontece aquilo que ninguém esperava:

Naamã pede permissão para levar duas cargas de mulas da terra de Israel para poder fazer um altar na Síria e adorar o Deus que realmente existe, que é gracioso, tem poder para curar e mudar a vida de uma pessoa completamente. É então que verificamos que estamos diante de uma nova pessoa: curado e convertido.

E pede perdão quando tem que cumprir com o seu dever civil e militar de se curvar com o Rei da Síria na casa onde se adorava o deus Rimom.

O profeta diz-lhe: vai em paz!

Quem conhece o Deus verdadeiro não se curva nunca mais diante de outros deuses. E foi isso que Naamã decidiu: adorar o Deus de Israel em cima da terra de Israel! Quem conhece o Deus de Israel tem que abandonar os outros deuses.

É de paz que o seu humano precisa para viver. Sem essa paz só resta momentos de euforia provocados pela adrenalina dos homens que gostam de guerra:
- Pelas ilusões;
- Pelos encantamentos;
- Pela aquisição desenfreada de bens;
- Pela cobiça;
- Pelas drogas;
- Pelo álcool.

Para concluir esta mensagem e de volta à menina escrava, sem nome.
a) Temos que ser como a menina.

Quantos de nós têm este olhar pelos que sofrem? Pelos que não merecem, como Naamã?
- Olhar de compaixão;
- Olhar de perdão;
- Olhar de fé;
- Olhar de esperança.

Deus também quer agir na sua vida. Há Deus. Deus pode fazer toda a diferença na sua vida. Posicione-se diante de Deus e receba a bênção que Ele tem para si.

b) Na nossa vida pessoal e na Igreja devemos
Ser como o profeta:
- Apresentar uma proposta “terapêutica” de mudança de vida;
- Apontar para o processo de recuperação;
- Apontar para o que temos à disposição;
- Contar que Deus vai agir durante esse processo.

c) Na vida pessoal e na Igreja devemos
Ser como os amigos de Naamã:
- Influenciar positivamente para a mudança;
- Influenciar para aceitar o que nos é proposto quando isso vem de pessoas de bem;
- Convencer o outro que necessita de obedecer à proposta de recuperação;
- Convencer a cumprir todas as etapas – a dar todos os mergulhos que forem precisos.

Quantos de nós no lugar dos amigos de Naamã não teriam uma posição oposta e favorável à indignação de Naamã, nem que fosse só para lhe agradar? Há pessoas à nossa volta que sempre estão dispostas a nos influenciar negativamente para não alcançarmos as bênçãos prometidas por Deus.

Se você souber, ou for motivado para fazer uma coisa correcta não se deixe influenciar por (supostos) amigos negativos.

d) Na vida pessoal e na Igreja
- Não devemos ser como o rei de Israel:
- Não crer;
- Ficar indignado;
- Desistir;
- Não acreditar que é possível;
- Esquecer que quem faz a obra é Deus.

Mas a história continua, e termina:

Geazi

O jovem que havia presenciado o mover de Deus na vida de Naamã e na ressurreição de um menino morto, entre outros milagres, quando viu todo aquele ouro, prata e vestes, a cobiça encheu o seu coração. Tal como aqueles que depositam o seu coração só no dinheiro.

E arquitectou um plano:

- É típico das pessoas sem carácter: manipulação, invenção, maquinação, mentira.
- É próprio do alcoólico também e das pessoas com comportamentos compulsivos.
- E então corre atrás da fortuna.

Ele maquina: “Esta fortuna não vai voltar toda para trás ou eu não me chame Geazi…”

- Geazi representa o princípio da recaída ou do oportunismo. Planeja, manipula e executa. - - Geazi representa aqueles que fazem negócio com Deus e os que não conhecem a sua Graça.

Eliseu rapidamente dá conta da situação e a lepra de Naamã pegou-se a Geazi.

e) Como indivíduos e como Igreja
Não devemos ser como Geazi:
- Que rapidamente mudam o foco do seu olhar e trocam o espiritual pelo material.
- Que trocam a presença de Deus porque qualquer coisa mais atractiva, banal ou que dê mais prazer, nem que seja por apenas um breve instante;
- Não nos devemos perder com o ouro e a prata mas focar o propósito para o qual Deus nos criou.

f) Então o que nós temos para oferecer como indivíduos e como Igreja?

- Temos a fé, simples e eficaz como a da menina, que nos impulsiona a buscar cura no lugar certo;
- Temos profeta que nos diz o que deve ser feito;
- Temos o "rio Jordão". Você tem que mergulhar neste rio: igreja, culto, grupo familiar, centro de recuperação, adoração, palavra;
- Temos Deus, o melhor de tudo.

E Deus fará a diferença na sua vida.

Samuel Dias

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