A mulher tinha dez dracmas, dez moedas ou dez "valores". Perde uma, acende a candeia, varre a casa, encontra a dracma e faz uma festa. Não podemos ter um resumo mais curto!
Cada um de nós valoriza o que tem, de acordo com o preço que pagou, para ter o que possui. Se o episódio tivesse acontecido noutra casa qualquer ou com outra pessoa qualquer, a perda poderia não ser da mesma importância que esta mulher lhe atribuiu.
Na escala de valores desta mulher sabendo que inicialmente possuia dez dracmas e que agora que só tinha nove, isso era o bastente para a transtornar e produzir nela frustração e tristeza. O que lhe dava satisfação a uma sensação de plenitude, de posse por um patamar que antes já tinha atingido e que era seu por direito: dez dracmas, não nove!
Jesus ensinou que a mulher perdeu a dracma “dentro de casa”. Acredito que se a tivesse perdido na rua teria feito o mesmo tipo de reboliço, mas o facto de ter sido dentro de casa, e mesmo sabendo que era lá que a dracma estava, ela não disse “logo aparece...”
Seja o que for que seja perdido dentro de casa tem que se recompor de imediato, não se pode deixar para depois, ou então o estrago pode ser ainda maior.
Em muitas casas perde-se a paz, o amor, o relacionamento saudável e a comunicação, por causa de pequenos detalhes que vão sendo abafados e por uma grande quantidade de lixo que se vai amontoando com o tempo.
2. Perder.
A perda da dracma pôs a mulher em acção. Todas as outras coisas que tinha para fazer, naquele momento, perderam completamente a sua importância. O reboliço que a mulher provocou na sua casa é demonstrativo do tamanho da perda que lhe afetou a vida.
Perda é sinónimo de tragédia, caos, dor e angústia, portanto, a normalidade teria que ser reposta com a máxima das urgências. Acomodar com pequenas perdas, como deixar de dizer a coisa certa no tempo oportuno, esquecer o beijo ao sair e ao entrar, não fazer a oração ao deitar e ao levantar, pôr de parte a meditação de cada dia e não apenas ao fim de semana, não dar a Deus o que é de Deus e a César o que é de César, provoca “mau cheiro” pela acumulação de tanto “lixo”.
O beijo, a oração, a meditação, podem ser as dracmas que se vão perdendo pela casa. Com tantos cuidados para juntar tantas outras coisas, em casa podem perder-se valores porventura muito mais importantes.
3. Acende a candeia.
Tudo indica que a mulher não era abastada. A casa não tinha janelas, particularidade das casas pobres da época. Seja como for, para procurar é preciso ter luz e quanto mais luz houver melhor se verá o caminho.
A mulher acende a candeia porque precisa de ver melhor. Fosse de dia ou de noite não havia tempo a perder para andar às “apalpadelas”. A dracma tem que ser encontrada depressa. Logo mais pode surgir outra prioridade e se esta não for resolvida de imediato a sobrevivência da família pode ficar afectada.
4. Varre a casa.
Aproveitou a oportunidade para deitar o lixo fora. A acumulação de lixo tem esta característica: oculta os valores! O que é valioso e importante fica sufocado pelo lixo.
Um dos maiores problemas entre as pessoas que têm problemas de perca de valores em casa é a falta de coragem e humildade para pegar na “vassoura”, e mandar o lixo fora.
A situação mais comum é perguntar:
“Porque é que isto aconteceu comigo?”
“Porque é que aconteceu comigo que sou uma pessoa tão boa?”
“Porque é que aconteceu isto comigo, até porque não sou como os outros pecadores?”
Por causa da sua arrogância e auto - justificação as pessoas perdem a noção do planeta onde vivem.
- Tenha a humildade de pegar na vassoura e dar uma vassourada do juízo que você faz dos outros:
- Dê uma vassourada na sua arrogância e nas palavras negativas que deixa sair da sua boca;
- Dê uma vassourada do desperdício de tempo que gasta em frente da televisão em vez de prestar atenção à família e aos que mais precisam de si;
- Dê uma vassourada nos vícios que amarram a sua mente e esvaziam a sua carteira...
- Dê uma vassourada na poeira que lhe ofusca os olhos e ponha “os óculos da graça”.
5. Encontra a dracma e faz uma festa.
A mulher sabia onde tinha perdido a dracma e claro, onde tinha que a procurar. A dracma estaria por ali perto. De certeza que estaria ali. Este é outro pormenor pouco vulgar naqueles que hoje em dia conseguem achar o que perderam, não perder a referência do local onde a dracma se tinha perdido. Jesus disse que a mulher fez uma festa com as amigas. Se a dracma não fosse realmente valiosa a mulher não teria feito uma festa. A festa revela a importância que a mulher atribuía ao valor que tinha perdido.
O que é fantástico é que a mulher não se conformou apenas porque encontrou a sua dracma. A recuperação da sua joia foi demasiado relevante para que pudesse alegrar-se sozinha. Assim, o esforço que aplicou a procurar a dracma, aplicou-o também a contagiar os outros com regozijo.
Pelos vistos, quando varreu a casa, a mulher terá dado também uma vassourada na ingratidão. Não se tornou como aqueles que quando conseguem uma benção de Deus nunca mais se lembram d'Ele e de partilhar o que receberam com os outros.
6. A razão porque Jesus contou esta parábola.
A parábola é bonita e o que aprendemos com ela é muito interessante. Mas vejamos a razão por que Jesus contou estas parábolas, também a da ovelha perdida e a história dos dois filhos pródigos.
"Ora, chegavam-se a ele todos os publicanos e pecadores para o ouvir. E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles. Então ele lhes propôs esta parábola... " Lucas 15:1-3
Incomoda saber que ainda hoje, como antigamente, em muitas Igrejas, é proclamado juízo e condenação para os outros, em vez de arrependimento e salvação para eles próprios.
Que Deus nos ajude a entender que as mudanças à nossa volta só serão possíveis se conseguirmos varrer da nossa vida o que ainda nos atrapalha e encontrarmos o que nos faz falta.
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